A voz soa tonitruante, capaz de ocupar o enorme espaço do seu atelier/escritório na zona de Marvila, em Lisboa. E as suas ideias sucedem-se, rápidas, sem precisar de autorização para mudar de assunto – afinal, isto anda tudo ligado. Pedro Cabrita Reis, 67 anos, é uma figura única no panorama artístico português. Planeia – ele, que leva os seus planos tão a sério – fixar-se, dentro de poucos anos, no Algarve, com viagens recorrentes a Lisboa, em vez do inverso, que é a sua rotina atual. “Já sou um eleitor de Faro, com residência política e fiscal lá”, diz. Nesta entrevista recorda os seus anos de militância na UDP no pós-25 de Abril, afirma que mantém as mesmas convicções dessa época e reflete sobre o que é ser artista “dentro do sistema”: “Temos de aprender como é que o inimigo funciona.”
Pedro Cabrita Reis: “Tenho a convicção de que somos todos naturalmente maus”
Foto: José Carlos Carvalho
Pedro Cabrita Reis: “Tenho a convicção de que somos todos naturalmente maus”
Assume-se como um “control freak” com a vida toda planeada desde cedo. E antes de procurar o anonimato e “abrir uma cervejaria em Moscavide” ainda tem, aos 67 anos, muitas coisas a fazer. Para 2024, prepara uma grande retrospetiva da sua obra em Lisboa, numa antiga oficina de automóveis à beira-Tejo