Já passou por vários países da América Latina e agora aterrou em Cascais até outubro. É a exposição retrospetiva de vestidos com a marca inconfundível da estilista espanhola Agatha Ruiz de la Prada. Nos dois pisos da casa de 1902, que fica na entrada da baía, há cerca de 40 peças capazes de nos deixarem boquiabertos.
Na sala de cima, rodeada de azulejos e com uma luz que entra suave, dá-se de caras com um bolo de anivesário com vários andares para vestir, outro modelo ornamentado com bolas natalícias, e outro ainda feito com pedaços de tecido que iriam para o lixo (todos em veludo).
Junto à capela, na pequenina divisão do lado que tem de ser atravessada para se chegar à sala principal, muito mais escura, repara-se nos dois vestidos de noiva, coisa que a estilista nem gosta muito de desenhar (são os únicos apenas brancos). É aqui que está também aquele a que Agatha chama de Aro e que ela já usou muitas vezes – um evasé de um cor-de-rosa clarinho, com um aro de metal que dá um vestir muito original e elegante. Mas também é impossível não sorrir ao passar junto do rebuçado ou sentir palpitações com a quantidade de corações (e estrelas e flores, as suas obsessões pop) que por ali abundam.
No andar de baixo desta casa desenhada por Raul Lino, que se entende até bem perto do mar, espalham-se outros vestidos com cores explosivas e dignos de registo. São os casos da Jaula, um modelo verde liso, que tem uma gaiola com passarinhos no lugar dos ombros, ou do Autoretrato, em cor-de-rosa, em que se desenhou uma cara, com olhos, nariz e boca, acrescentando-se uma cabeleira loira que assenta pelos braços abaixo. Há coisas que só vendo, porque esgotam as palavras e os adjetivos soam desajustados àquilo que está perante os nossos olhos.
Apreciar as criações de Agatha Ruiz de la Prada que saíram dos 35 anos de uma riquíssima carreira, que vai muito mais além do que peças de roupa, é um três-em-um. Apanha-se fresco, soltam-se sorrisos quando o olhar cai em alguns dos modelos expostos, e visita-se a Casa de Santa Maria, meio escondida na vegetação, bem junto ao farol e por cima de uma pequena praia cheia de rochas. Garantimos-lhe que nenhuma das razões será de desprezar, de terça a domingo, das 10 da manhã às 5 da tarde, até outubro. Os bilhetes custam 3 euros, mas existem descontos.