O maestro Victorino de Almeida, que, tal como os ex-alunos Mário Laginha e Maria Ana Bobone, aceitou visitar a Escola de Música do Conservatório Nacional a convite da VISÃO, percorre indignado os corredores do edifício onde iniciou a sua formação, há mais de 50 anos. “Este lugar é praticamente o mais sagrado da música portuguesa. Seria um ato jihadista deitar isto abaixo, porque isto é um templo”, considera, lembrando que “a maioria dos músicos de renome, nos últimos 200 anos”, se formou aqui.
“A importância do Conservatório é enormíssima”, reforça Mário Laginha, encostado a um piano numa das salas ainda não encerradas – se bem que o seu teto não inspire grande confiança. “Não há capital europeia que não tenha um Conservatório de qualidade. Ver este edifício ser tão desprezado, tão votado ao abandono, é inexplicável e incompreensível. Claro que custa dinheiro fazer aqui obras sérias, mas estamos a falar do Conservatório Nacional, na capital do País. É um absurdo que esse dinheiro não seja disponibilizado”, lamenta.
No mesmo tom, a fadista Maria Ana Bobone lembra que tudo é uma questão de prioridades: “Nunca há dinheiro, mas só temos um Conservatório Nacional, e deveria ser preservado.”