Um homem lituano de 50 anos encontrou uma maneira de burlar o Facebook e o Google, através de um esquema surpreendentemente simples: enviava-lhes faturas falsas por email.
As mensagens de correio eletrónico que acompanhavam as contas eram tão convincentes que os gigantes tecnológicos da Califórnia caíram na esparrela e entregaram a um grupo de criminosos liderado por Evaldas Rimasauskas uma quantia superior a 100 milhões de dólares (€89 milhões) entre 2013 e 2015, de acordo com a acusação do Departamento americano de Justiça que chegou esta semana a tribunal. Segundo a Bloomberg, o bolo total chegou ao equivalente a €108 milhões: €88 do Facebook e €20 milhões do Google.
Segundo o The New York Times, Rimasauskas e os seus cúmplices criaram uma empresa na Letónia com a mesma designação – Quanta Computer – de uma outra empresa fabricante de hardware, sediada em Taiwan, que mantinha há já algum tempo relações comerciais com o Facebook e a Alphabet, dona do Google.
A seguir, o grupo de burlões começou a enviar emails fraudulentos (phishing) para os funcionários e agentes dos dois grupos tecnológicos, apresentando-lhes recibos de serviços e bens, aparentemente emitidos pela empresa de Taiwan, e fornecendo-lhes números de contas bancárias abertas pela empresa de fachada, controladas por Rimasauskas e seus parceiros.
Em tribunal, o lituano admitiu a fraude e confessou que o seu papel era criar contas em bancos de vários países, como a Letónia, Chipre, Eslováquia, Lituânia, Hungria e Hong Kong, para agilizar o esquema, disseminando o dinheiro por vários cantos do globo. “Pediam-me para abrir as contas bancárias”, explicou, embora garantindo que “depois disso, não fazia nada com essa contas”. Mas, no processo que está a ser julgado, Evaldas Rimasauskas é também acusado do envio de documentos forjados aos bancos para explicar a transferência de largas somas de dinheiro sem levantar suspeitas.
De acordo com o FBI, os crimes praticados por empresas de fachada, com recurso ao uso do email, são cada vez em maior número e apresentam um maior grau de sofisticação, gerando todos os anos perdas de milhares de milhões de dólares.
Em comunicado, o Facebook garante ter conseguido recuperar a maior parte dos fundos logo a seguir à descoberta do esquema ilícito, tendo de seguida colaborado com a investigação judicial. O Google, que afirma ter “detetado a fraude e alertado de imediato as autoridades”, terá igualmente recuperado o dinheiro pago indevidamente.
O lituano, detido e extraditado do seu país natal para os EUA em 2017, está a ser acusado de vários crimes, entre os quais roubo de identidade e lavagem de dinheiro, arriscando uma pena que pode chegar a 30 anos de prisão. O procurador do Ministério Público de Nova Iorque, Geoffrey S. Berman, declarou que a sua presença em tribunal mostra que “os braços da justiça americana são longos”, apesar de Rimasauskas ter pensado “que podia esconder-se no outro lado do mundo, atrás de um ecrã de computador”, enquanto continuava com o seu esquema fraudulento. A sentença deverá ser lida em julho.
ASSINE AQUI A VISÃO E RECEBA UM SACO DE OFERTA
