Novos ventos sopram no Chez Chouette, em Alvalade. Aberto há pouco mais de um ano pela mão de Leopoldo Garcia Calhau, também fundador da Taberna do Calhau, o restaurante acaba de passar para as mãos de António L. Xavier, a quem foi dada carta-branca para lançar um menu dentro de um estilo bistrô, mas com um caminho um pouco mais descontraído. “A ideia sempre foi manter as origens francesas e portuguesas, mas tê-las mais à disposição da minha geração”, conta o novo cozinheiro.

Qual geração? António L. Xavier tem 24 anos, mas já soma algumas experiências de peso no currículo de cozinheiro. Natural do Porto, cresceu numa família adepta de cozinhados e andou durante um ano e meio com os manuais de Direito debaixo do braço, até perceber que o seu futuro não passaria por ali. Criou uma conta de Instagram e lançou uma espécie de serviço de chefe em casa – “de amigos e pais de amigos”, diz – onde apresentava as suas, vá, especialidades: bife Wellington, tártaro de vaca, arroz de marisco, por exemplo. Passou pelos restaurantes Boca e Flow no Porto, trabalhou no Belcanto, em Lisboa, e foi depois aprender para a Cordon Bleu, em Londres, antes de voltar ao Porto. O seu caminho cruzou-se com o de Leopoldo Garcia Calhau em Lisboa e, pouco tempo depois, recebia o testemunho do Chez Chouette.
Com ele trouxe o amigo Martim Moreira, responsável pela sala, e por apresentar os pratos que vão sendo servidos. A carta é pequena, orientada para a partilha, e apesar de recente, já está em mutação, por respeito aos produtos da época – o pêssego da tarte tatin vai ser substituído por pera, por exemplo, e a farinheira do ravioli em tamanho XL, passa a alheira. A cozinha, tal como o menu, é pequena, está toda à vista dos clientes, e a magia faz-se atrás de um balcão de onde saem alguns pratos como os tacos crocantes de alga nori com tártaro de vaca (€8.50), uns croquetes de bochecha de vitela com queijo de São Jorge (€5.50), uma batata alentejana, isto é, um pavê de batata com creme de amêijoas e molho de carne à alentejana (€12), um tártaro de camarão violeta com batata rosti crocante (€25) ou um folhado de bochecha de novilho com puré de couve flor (€18). Para rematar, uma sobremesa em homenagem ao bolo de bolacha, sem a dita bolacha aparecer visível.

Uma das paredes do restaurante está forrada por um armário de vinhos, onde há cerca de 100 referências de Portugal, Espanha e França, a começar nos €20; há também cerveja Letra à pressão e alguns cocktails. Aos domingos, há almoços prolongados, entre os 12h e as 18h, com um menu onde entram as próprias versões do chefe de francesinhas, pregos de barriga de porco ou cassoulet e pato; e há também a cada 15 dias, o Brunch de Ta Mère, com um menu especial. Finalmente, à quinta-feira, acontece o quatro às Quintas, com amigos que vêm de fora para cozinhar. “Quero puxar alguns amigos do Porto”, diz. Aguardemos essas viagens.

Rua Acácio de Paiva, 20 A/B / 21 409 8817 / seg e qui 18h30-23h, sex e sáb 12h-15h, 18h30-00h, dom 12h-18h