Com a proliferação de lojas a servir cafés de especialidade em Lisboa, os portugueses já se deram conta da diferença entre este estilo de café (são vários, na verdade, e com diferentes modos de consumo) e a bica nacional. O casal russo Vika e Kivill conhece bem as duas correntes: “O café português é mais um shot, quase uma bebida para acordar”, diz, entre risos, Vika. Como tal, quis mostrar aos lisboetas o conhecimento adquirido durante cinco anos a trabalhar na área em São Petersburgo. “Na Rússia tínhamos duas lojas de café de especialidade. Quando começou a guerra, tornou-se mais difícil importar os cafés das várias torrefações da Europa. Além disso não quisemos continuar a viver lá. Temos uma filha de 7 anos…” Procuraram, então, um país com um clima quente, e acabaram por se mudar para Portugal, precisamente há um ano.
Em Lisboa, encontraram uma comunidade atenta ao mundo do café e, depois de algum tempo de procura, encontraram um espaço na zona da Lapa, uma antiga lavandaria de esquina, com grandes janelões por onde entra o sol, e instalaram o seu Tact. Deixaram intactas as paredes em mármore e o chão de mosaico antigo (lindíssimo), recuperaram as portas de arrumos e casa de banho e pediram a um amigo para fazer todo o mobiliário de madeira que casa bem com a estética do espaço. Juntaram-lhe umas cadeiras vintage e abriram em meados de agosto.
A estrela do menu é, claro está, o café de especialidade, que vem de diferentes fornecedores europeus, com origens em várias partes do mundo. “Temos trabalhado com alguns roasters do Porto, como a Senzu, a So Coffee Roasters e a 7G, temos também uma marca de Dublin e outra alemã. Dos vários grãos saem cafés expresso, café V60, mas também de batch brew, cappuccinos, flat whites, além de café frio, nas modalidades Coffee Tonic e Iced Latte. Os chás vêm da Rússia, são da marca Eastern Leaves, de uma família chinesa que mora em Milão; as infusões de ervas são da marca grega a Daphnis and Chloe e ambas são vendidas para consumo no Tact, mas também para fora.
Apesar de não haver cozinha, aqui pode-se também tomar o pequeno-almoço. Há croissants e pão do Pão do Beco, para comer com manteiga, queijo, fiambre ou ovos, há compotas caseiras, feitas de fruta da época comprada no Mercado Biológico do Príncipe Real, aos sábados, um bolo de requeijão assado e granola com iogurte, manga e chocolate negro.
O espaço é sossegado, perfeito para uma manhã com um livro na mão. Aceitam computadores, mas não têm wi-fi nem fichas para carregar. “Estamos apenas abertos de manhã, temos poucas mesas”, justificam. Em breve, vão começar a organizar alguns pop ups com chefes, que serão anunciados no Instagram do Tact (@tact.cafe)
Rua Joaquim Casimiro, 14A. Ter-Sex 09h-14h, sáb 10h-15h