Peixinhos da horta com lingueirão no lugar do feijão verde; um prato de cabeça de xara onde o porco é substituído por garoupa; ou um mini cachorro cuja salsicha é afinal tenríssimo um tentáculo de polvo, finalizado com cebola crocante. É com este tipo de adaptações que joga o Elísio Bernardes na cozinha do novo Sea Me Next Door. A metáfora é intencional: o chefe é especialista em comida para atletas de alto desempenho e além dos restaurantes Sea Me, trabalha com a equipa de futebol do Sporting. “Aqui a carta é toda virada para os peixes e mariscos e a ideia é tornar o restaurante numa espécie de tasca para petiscar”, conta à PRIMA.

A casa mãe está desde final de 2010 na Rua do Loreto e, no outono, estendeu-se para um novo espaço mais pequeno, onde as refeições se fazem ora ao balcão, ora em várias mesas altas comunitárias, regadas a vinho ou imperiais frescas. A matéria-prima continua a ser a do Sea Me – o selo de qualidade é garantido –, aqui trabalhado numa série de pequenos pratos para partilhar, quase todos novidades em relação à carta do vizinho. Exceção feita aos nigiris de sardinha, uma especialidade incontornável do Sea Me, para polvilhar com uma mistura de especiarias picantes. A decoração é de inspiração marítima, com redes de pesca do porto de Olhão a cobrir algumas paredes da sala e covos da Fuzeta a fazer as vezes de candeeiros.
A carta está apresentada de forma original, com o nome do prato (ceviche de corvina, meia desfeita de presento do mar ou chamuça de caldeirada), a elaboração do dito (frio, no tacho, braseado ou em fritura), os ingredientes principais (esperem-se temperos portugueses, mas também algas e molhos ricos), a origem (diferentes regiões de Portugal, mas também Moçambique ou Espanha) e finalmente o preço (o mais barato uma ostra, a €2.80, o mais caro uma dose de amêijoas, a €24). Portanto para aspirantes a cozinheiros esta é também uma boa forma de tirar ideias para confeções em casa.

As hostilidades podem abrir-se com uma muxama de atum cortada na fiambreira, servida com pesto de coentros e amendoins, seguir pelo gunkan de robalo e amêijoa – “não somos um restaurante de sushi, mas temos dois ou três pratos de inspiração japonesa”, frisa o chefe – e depois pelo nigiri de bacalhau à lagareiro. Aqui chegados, há vários caminhos a seguir, como o dos raviolis de rodovalho, feitos com uma mousse de aipo e deste peixe e as línguas de bacalhau e húmus de coentros, ou partir para o universo das sanduíches, exemplos da bola de Berlim com carabineiro, da sanduíche club de sapateira, que leva também muxama de atum, algas, ovo cozido e tomate e é servida, claro, em triângulos, acompanhada de batatas fritas ou do prego do lombo em bolo do caco da Madeira. As sobremesas variam todos os dias e seguem a mesma linha de criatividade do menu, adaptado à doçaria. No dia em que a PRIMA lá esteve, serviram um torrão com recheio de leite-creme bem guloso e uma mousse de chocolate com frutos secos e ginja.
O Sea Me Next Door está aberto todo o dia, o que o torna ideal para um mergulho, perdão, uma refeição fora de horas.

Rua do Loreto, 59 / seg-dom 12h30-24h