Imagine o frigorífico no quarto e o roupeiro na cozinha, um absurdo totalmente comparável ao modo como é gerido Portugal em matéria de Ordenamento do Território (OT). Como sempre, no OT, não nos faltam boas leis, planos e regulamentos a todas as escalas e sobre todas as temáticas. Quando passamos à implementação, o resultado está à vista e esta é uma das causas da nossa pobreza. Continuando com a analogia, obviamente que uma família com o roupeiro na cozinha não vive bem. Provavelmente, a maior de todas as grandes desgraças nacionais é o desordenamento do território. Esta realidade encarregou-se de nos fazer pobres, de desperdiçar recursos e de gastarmos fortunas a tentar remediar a coisa.
Vivo numa cidade património da UNESCO, Capital Europeia da Cultura em 2027, a primeira a ter um Plano Diretor Municipal aprovado, e tida como exemplar, por muitos que cá não vivem. A propósito da localização da maior obra das últimas e próximas décadas em Évora, o Hospital Central do Alentejo, em construção, o urbanista Jorge Carvalho, coordenador da equipa responsável pelo novo Plano de Urbanização de Évora, em entrevista recente ao Público, afirmava que “foi um erro dramático”.