1. O Sol do Futuro
O italiano Nanni Moretti dedica-se aqui a um dos temas que ele melhor sabe filmar: o próprio cinema, paixão e trabalho ao mesmo tempo, ilusão e desilusão. O Sol do Futuro parece ser um excelente reencontro para quem, depois de Três Andares (2021) e do documentário Santiago, Itália (2018), sobre o golpe de Estado no Chile, em 1973, sente falta do humor elegante e melancólico, muitas vezes agridoce, do cineasta e ator italiano. Aqui, ele interpreta o papel de um realizador, Giovanni, casado com Paola (Margherita Buy), produtora dos seus filmes. A tensão entre o casal agrava-se quando ele visita o set de rodagem de um filme de outro realizador, em que Paola está a trabalhar. No final, com Giovanni em dificuldades no financiamento do novo filme, tudo é resolvido graças à presença de uma equipa de produtores sul-coreanos… Estreia a 28 set
2. Golpe de Sorte
É o 50.º filme de estúdio realizado por Woody Allen e o primeiro na sua carreira originalmente em francês (a produção de Coup de Chance/Golpe de Sorte é francesa). Aos 87 anos, o realizador parece cumprir o destino do protagonista do filme Hollywood Ending (2002), em que um realizador norte-americano só era realmente apreciado e compreendido pelo público europeu, longe dos EUA… Golpe de Sorte estreou-se recentemente no Festival de Veneza, arrancando muitos aplausos no final. Tudo começa com o encontro casual de dois jovens conhecidos, que há muito não se viam, Fanny (Lou de Laâge) e Alain (Niels Schneider) entusiasmam-se com o reencontro. Jean (Melvil Poupaud), marido de Fanny, é o outro ângulo do triângulo. Tudo, à partida, muito alleniano… Estreia a 5 out
3. A Sibila
Quando se anuncia a adaptação cinematográfica de um livro com a dimensão d’A Sibila, grande clássico da nossa literatura contemporânea, a fasquia fica imediatamente muito alta. O cinema não era estranho ao universo de Agustina Bessa-Luís (basta pensar nas colaborações com Manoel de Oliveira), mas como resultará no grande ecrã o estilo único, denso e palavroso do romance mais célebre da escritora? O realizador Eduardo Brito aceitou o desafio, e nos papéis das protagonistas (uma jovem escritora e a tia, algures no Interior Norte de Portugal) estão as atrizes Joana Ribeiro e Maria João Pinho. Este filme, inserido nas comemorações do centenário do nascimento de Agustina (15 de outubro de 1922), também deu origem a uma série de três episódios. Estreia a 12 out
4. Assassinos da Lua das Flores
O mais recente filme de Martin Scorsese baseia-se num livro que nos conta uma grande e real história norte-americana: Assassinos da Lua das Flores – A Matança dos Índios Osage e o Nascimento do FBI, do jornalista David Grann (publicado pela Quetzal). É mais uma viagem às raízes da América e à violência que está na sua origem. A tribo dos osage, no estado de Oklahoma, tornou-se extraordinariamente rica, porque no território que lhe foi destinado havia uma grande jazida de petróleo e os indígenas recebiam uma percentagem dos lucros. Uma situação que não durou muito tempo: uma série de misteriosos homicídios atingiu essa comunidade. Um caso para o ainda incipiente FBI resolver, mas o dinheiro do petróleo acabaria por condicionar a investigação… Nos principais papéis estão Robert de Niro e, sem surpresa, trabalhando mais uma vez com Scorsese, Leonardo DiCaprio. Estreia a 19 out
5. Não Sou Nada – The Nothingness Club
Quando o cinema acelerado, punk e único de Edgar Pêra se encontra com o caleidoscópico universo de Fernando Pessoa, o que acontece? A resposta está neste The Nothingness Club, apresentado como um “cinenigma”, com argumento coescrito por Pêra e Luís Costa Gomes e com interpretações de, entre outros, Miguel Borges, Victoria Guerra, Albano Jerónimo e Paulo Pires. O filme teve estreia no Festival de Roterdão. Aqui, os heterónimos de Pessoa ganham estranhas formas de vida, e Ofélia é uma femme fatale… Estreia a 26 out
6. Napoleão
Será sempre com um misto de entusiasmo e de muitos receios que um artista, seja escritor, realizador ou ator, se atira para a vida de uma das mais míticas e grandiosas figuras históricas da modernidade: Napoleão Bonaparte (1769-1821). Aqui, o risco é todo assumido pelo realizador inglês de 85 anos, Ridley Scott, e o ator norte-americano Joaquin Phoenix (e, sim, já foi sublinhada a estranheza de ouvirmos Napoleão a falar inglês, do princípio ao fim, algo de que seguramente o imperador francês não ia gostar nada…). Este épico, de mais de duas horas e meia, centrado na ascensão ao poder do político e militar e na relação intensa com a mulher Joséphine (interpretada por Vanessa Kirby), promete voltar a iluminar – reacendendo até velhas polémicas – a vida ambiciosa de Napoleão Bonaparte. Herói ou vilão? Estreia a 23 nov
7. Perfect Days
A relação de fascínio do alemão Wim Wenders com o Japão já vem de longe (Tokyo-Ga, inspirado no realizador Ozu, é de 1985). Atualmente, já não se espera por uma nova longa-metragem do autor de Paris, Texas e As Asas do Desejo com a ânsia de outros tempos… mas este Perfect Days promete. É totalmente falado em japonês, e o elenco é só de atores do país do Sol Nascente (Kōji Yakusho recebeu o prémio de melhor ator no Festival de Cannes deste ano). Cruzando quatro pequenas histórias, este é um filme, aparentemente duma grande serenidade e simplicidade orientais, sobre um homem que trabalha na limpeza de casas de banho em Tóquio. Para muitos, um regresso de Wenders ao seu melhor. Estreia a 14 dez