Será que O Convento, de Manoel de Oliveira, pode ser considerado um filme de terror? À 16ª edição, o MOTELX conseguiu, finalmente, fazer do cinema português o tema principal. Mas, claro, é preciso alguma elasticidade nos critérios de classificação de género.
Se esse filme de Oliveira, que mexe com o mistério e o sobrenatural (como acontece também com o seu O Estranho Caso de Angélica), é uma das mais surpreendentes cartadas, o festival está cheio de outras boas surpresas. Um dos grandes destaques é a estreia d’ Os Demónios do Meu Avô, de Nuno Beato. Trata-se da primeira longa-metragem de animação stop motion portuguesa e, de facto, mexe com o imaginário sobrenatural de tradição popular, assim como Coisa Ruim, de Tiago Guedes e de Frederico Serra, outro dos filmes revisitados.
Do realizador e produtor Frederico Serra pode ver-se também, em antestreia, o filme Criança Lobo, que será, no futuro, uma série de televisão. A secção Quarto Perdido, que descobre um cinema de terror português, vai mostrar, ainda, O Fascínio, de Fonseca e Costa. Somando a O Convento e a Coisa Ruim, são três filmes produzidos por Paulo Branco, pretexto para homenagear o produtor no festival.
Ainda no campo do cinema português, o MOTELX viaja mais atrás, com a ajuda da Cinemateca, para projetar Os Crimes de Diogo Alves, de 1911, realizado por João Tavares (com a banda sonora, criada por Bernardo Sassetti, a ser interpretada ao vivo), e O Fauno das Montanhas, de Manuel Luís Vieira, cineconcerto inserido na secção Warm-Up, com música ao vivo tocada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa. Tudo isto, além da competição nacional de curtas, em crescente qualidade.
Entre as novidades internacionais, também há muito o que dizer. Natural destaque para Dark Glasses, um giallo contemporâneo de Dario Argento; Final Cut, de Michel Hazanavicius, um remake francês do nipónico One Cut of The Dead, filme de zombies que esteve na abertura do festival de Cannes, e ainda A Praga, recuperação de um filme de Zé do Caixão, figura mítica do cinema de terror brasileiro.
Mas há mais… Holy Spider, que marca o regresso ao festival do iraniano Ali Abbasi, ou a animação espanhola Unicorn Wars, de Alberto Vázquez. Quem for à procura de sustos, tripas e sangue, pode sorver toda essa adrenalina, na secção X, que vai subindo de intensidade ao longo do dia até chegar ao auge nas sessões da meia-noite.
Veja o trailer de O Convento, de Manoel de Oliveira
MOTELX > Cinema São Jorge, Cinemateca e outros locais de Lisboa > 6-12 set > programação completa aqui