Reforçar a vocação e apostar na diversidade de propostas artísticas. É algures entre expressões artísticas que fazem parte da história do Coliseu do Porto e o concretizar de novos projetos que foi delineada a programação para 2022. “O que se anuncia é um Coliseu mais aberto, com mais espaços, mais diverso, acessível e para todos – artistas e públicos”, afirmou Mónica Guerreiro, a presidente da direção da sala de espetáculos. Aliás, a apresentação foi feita esta terça, 15, no Lounge Ageas, uma sala do Coliseu que agora foi convertida para o acolhimento de residências artísticas, integradas na rede In Residence (criada pela Câmara Municipal do Porto), em áreas como a pintura, o desenho, a escultura, a fotografia ou a joalharia.
O programa está dividido em quatro eixos fundamentais. No Coliseu Lírico e Sinfónico, haverá uma “aposta mais firme nestas expressões artísticas”. “Devemos assumir essa responsabilidade; temos potencialidade e infraestruturas para iniciativas pujantes”, defendeu Mónica Guerreiro. A temporada começará, a 4 de março, com Mátria, a ópera criada em Trás-os-Montes (estreada em dezembro de 2021), com libreto original de Eduarda Freitas, a partir da obra de Miguel Torga, e música de Fernando C. Lapa. A 15 de abril, convoca-se uma obra que marca as celebrações pascais, o Requiem de Giuseppe Verdi, num concerto sinfónico semi-encenado que junta o Ensemble Musica Pro Musica, o Coro Sinfónico Inês de Castro e a Orquestra do Atlântico, dirigidos pelo maestro José Manuel Pinheiro. “Será a oportunidades de nos reencontrarmos com estes espetáculos de grande dimensão [com 120 cantores e 60 músicos], que durante dois anos não foram permitidos”, sublinhou a presidente do Coliseu.
Segue-se a apresentação, a 9 de maio, Dia da Europa, de Gaudeamus, um espetáculo conduzido por António Victorino de D’Almeida, compositor de 30 canções originais dedicadas aos 27 países da União Europeia, interpretadas pela soprano Ana Maria Pinto, cada uma com poemas estreitamente ligados a essas culturas – desde Federico García Lorca, na canção dedicada a Espanha, a Sophia de Mello Breyner, no que diz respeito a Portugal. “É uma forma de comemorarmos a tolerância e a união entre os povos, numa altura em que estamos perante tantos desafios”, aponta Mónica Guerreiro. O maestro marcou presença na apresentação e é uma das três personalidades com 80 anos, a mesma idade do Coliseu, que são convocados para este palco. Já a 19 de Maio será feita a primeira audição moderna em Portugal de Os Noivos, opereta composta por Francisco de Sá Noronha no final do séc. XIX, numa produção da ESMAE, com encenação de António Durães. A 23 de setembro, outra obra intemporal sobe ao palco: Tosca, ópera de Puccini, com direção do maestro José Ferreira Lobo e encenação de Carlos Avilez (outro dos octogenários).
O segundo eixo da programação é dedicado à Música e Outras Artes, composto por “espetáculos que se caracterizam pelos cruzamentos disciplinares e trazem expressões artísticas umbilicalmente ligadas ao Coliseu”, adianta Mónica Guerreiro. Falamos do espetáculo A Voz e a Alma (14 de abril), que une o fado interpretado por Hélder Moutinho ao teatro dito pela atriz Maria João Luís, do monólogo O Lado Esquerdo (21 de maio), interpretado por Sonja Valentina, com texto de Marta Vaz e música de Alexandre Braga, de ØBSIDIANA (11 de junho), solo do pianista e compositor Filipe Raposo, de Amar Amália (22 de julho), bailado com coreografia de Vasco Wellenkamp (o último dos octogenários), criado no âmbito do centenário do nascimento de Amália Rodrigues e, por último, de Heróis do Mar (no verão, em data a confirmar), o filme-concerto dedicado à longa-metragem de Fernando Garcia, cuja banda sonora se perdeu e, agora, conta com música original de Henrique Portovedo.
Para conquistar um público que ainda associa a casa a uma “simbologia sisuda”, a programação tem o eixo Coliseu Descontraído. Aí destacam-se duas iniciativas: os Concertos Promenade, uma das propostas favoritas das famílias e dos jovens, um domingo de manhã por mês (o próximo é já dia 20), que inclui um repertório consagrado de concertos comentados, em ambiente informal; e Quanto mais Debates…, conversas moderadas por Marcos Cruz, quinzenalmente (a 14 de março, irá debater-se a culpa), sempre com um painel diferente, de vozes que não se costuma ouvir na esfera pública, indo “à procura do que nos liga, independentemente de orientações, necessidades e fascínios”, como o próprio definiu.
Já o Coliseu Parceiro continuará, com a associação a muitos festivais do Porto, como o DDD – Festival Dias da Dança, O Meu Primeiro FITEI, o FIMP, o Family Film Project, o Trengo – Festival de Circo do Porto, o Porto/Post/Doc ou o FalaDura – Festival de Palavras Ditas. A sala de espetáculo irá manter, igualmente, a agenda de acolhimentos e, este ano, incluirá concertos de Capitão Fausto, Moonspell, Skunk Anansie, Simple Minds, Tindersticks, Kings of Convenience, Martinho da Vila ou Leon Bridges, entre outros, ou espetáculos de humor, como o do norte-americano Louis C.K.
Para junho, deverá estar concluída a reativação da Orquestra Salão Jardim Passos Manuel, estando a decorrer o trabalho de organização, limpeza, digitalização e tratamento arquivístico do espólio de cerca de duas mil partituras, para a organização de bailes / chás dançantes de periodicidade mensal. Porque, no Coliseu do Porto, a diversidade de públicos também inclui os mais velhos. Para que possam reencontrar as memórias.
Este ano, será pela primeira vez atribuído o Prémio Jovens Artistas Coliseu Porto Ageas – Artes Circenses / Dança (no valor de cinco mil euros), para “promover talentos em duas áreas artísticas que são de enorme importância no nosso panorama artístico”, e caras a esta sala de espetáculos. “Falar, frisar e premiar o talento”, sublinha Mónica Guerreiro. Uma missão que reconhecem como sua.
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