Estamos mais habituados a vê-lo no ecrã, mas desta feita o ator Mathieu Amalric ficou atrás da câmara, para nos dar o seu olhar sobre o cinema. Não é a primeira vez que Amalric arrisca a realização. Aliás, nessa sua faceta encontramos filmes interessantes como Tournée – em Digresão e O Quarto Azul.
Desta vez, em Abraça-me com Força, começa por nos contar a história de uma fuga. Uma mulher que simplesmente parte, ao volante do seu carro antigo, abandonando a família. Mas depois percebemos que é um daqueles filmes em que não há necessariamente princípio, meio e fim. Estamos antes perante uma história de perda, luto e loucura. E Amalric foge a uma narrativa linear para melhor retratar o estado de espírito daquela personagem. Traduz para imagens o pesadelo psicológico que Clarisse está a viver, desafiando o próprio espectador a deslindar o seu estado de alma. Há, assim, um avanço e um recuo mental e temporal, de memórias, desejos, momentos-chave, atos inusitados, desesperados, sensuais, trágicos… O luto confunde-se com a vida e com o trauma.
Isto dá margem para cenas fortes e marcantes, como o jogo da memória que Clarisse faz com as fotos de família. É um filme escuro que acaba na luz, com uma interpretação forte de Vicky Krieps, provavelmente a melhor atriz luxemburguesa de todos os tempos.
Veja o trailer do filme
Abraça-me com Força > De Mathieu Amalric, com Vicky Krieps, Arieh Worthalter > 97 minutos