Podem esperar-se acrobatas dependurados em grandes lustres a esvoaçarem pelos ares, saltimbancos a saltarem de cama em cama, malabaristas a rodopiarem dentro de grandes arcos metálicos como se fossem o Homem Vitruviano de Da Vinci em movimento. A produção Corteo do Cirque du Soleil passa por Lisboa a partir desta sexta, 3, e, tal como o nome indica, simula um grande cortejo, repleto de celebrações e mundos de fantasia. Há palhaços para todos os gostos, mas é Mauro, o Palhaço Sonhador a personagem que liga as histórias aqui contadas. Ele imagina o seu cortejo fúnebre, uma série de números, uns mais emotivos, outros mais cómicos, mas todos celebrativos da joie de vivre, comme if faut.
Num dos números, o Palhaço Gigante enverga um fato escocês, de taco de golfe igualmente gigante nas mãos. No chão, há uma rodela de relva da qual emerge uma bola de golfe, que é, na verdade, uma bola falante – uma cabeça de mulher que tem uma daquelas toucas de banho farfalhudas, brancas. A bola está sempre a desviar-se da cabeça do taco e a coisa acaba por se tornar uma dança ao som de gaitas de foles escocesas. Os números de perícia atlética, como os saltos em prancha ou os voos aéreos recheados de piruetas e afins, são o clássico que remata o fascínio que temos sempre pelo mundo do circo. Semelhante ao encanto que sentimos pela commedia dell’arte: num outro número, está em palco uma moldura de teatrinho de marionetas à escala humana, com máscaras venezianas a coroá-la, e, lá dentro, dois palhaços querem representar Romeu e Julieta, de Shakespeare, mas as constantes tropelias, obviamente, não o permitem.

Corteo > Altice Arena > Rossio dos Olivais, Lisboa > T. 21 891 8409 > 3-5, 7-12 jan, ter-sex 21h30, sáb 17h30, 21h30, dom 14h, 18h > €37-€75