1. “Segurança Nacional”, Fox
Após sete temporadas a zelar pela segurança dos Estados Unidos da América, e a lutar contra os demónios psicológicos, Carrie Mathison (Claire Danes) despede-se do público. No final da sétima temporada de Segurança Nacional, a analista bipolar da CIA havia sido capturada pelo russo Yevgeny Gromov (Costa Ronin). Sete meses depois, Carrie é libertada numa troca de reféns na fronteira russa com a Estónia. A falta de medicação prolongada deixa a protagonista num estado de pouca lucidez, sem sequer reconhecer Saul Berenson (Mandy Patinkin), o seu mentor. Nesta oitava e última temporada, em exibição no canal Fox, à quarta pelas 23h05, a história regressa ao Médio Oriente, com Carrie Mathison a negociar um acordo de paz com os talibãs no Afeganistão. Entretanto, em Washington, Elizabeth Keane (Elizabeth Marvel) demite-se da presidência. M.A.N.
2. “American Factory”, Netflix
Em 2014, uma onda de esperança invade a comunidade de Moraine, no Ohio, graças à Fuyao Glass America. A empresa chinesa, produtora de vidros para carros, compra a fábrica da General Motors, encerrada desde 2008. Muitos dos habitantes recuperam o emprego e integram uma equipa multinacional chinesa e americana. No entanto, o sonho chinês rapidamente colide com o americano, num choque cultural quase irreconciliável. Num ambiente digno de um filme de Chaplin, o que interessa é o lucro e a produção. American Factory, vencedor do Oscar de Melhor Documentário de 2019, realizado por Steven Bognar e Julia Reichert e produzido por Michelle e Barack Obama, é um retrato de duas filosofias de vida que, em vez de se complementarem, deterioram a relação entre dois povos. As tentativas para implementar o modelo chinês, nos Estados Unidos da América, revelam-se desastrosas. E o que começa como um documentário termina com uma cena mais próxima da ficção científica. Numa fábrica, já quase deserta, o presidente da Fuyao Glass planeia o futuro investimento em braços robóticos, para substituir os trabalhadores humanos. M.A.N.
3. “The Cave”, National Geographic
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O chilrear de pássaros é cortado por um silvo que atravessa o ar. Uma explosão, depois outra, e outra e mais outra ainda, e assim sucessivamente. Parece ficção, mas não é. As imagens que abrem o documentário The Cave, de Feras Fayyad, relatam os ataques aéreos que, entre 2013 e 2018, devastaram dezenas de cidades em toda a Síria, transformando o país num verdadeiro campo de batalha. Em Al-Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, o mero ato de atravessar a rua transformou-se num desafio mortal para os 400 mil habitantes da região cercada pelo governo sírio e seus aliados. É neste cenário que a médica pediatra Amani Ballour gere um hospital subterrâneo, conhecido como “The Cave” (em português, a gruta). O conjunto de túneis, que se estende debaixo do chão, representa a esperança de sobrevivência para a maioria da população. M.A.N.
4. “Democracia em Vertigem”, Netflix
Neste documentário, Petra Costa faz o relato de um dos períodos mais dramáticos da história recente do Brasil. Filha de antigos ativistas contra a ditadura militar brasileira, a cineasta tinha 19 anos quando Lula da Silva foi eleito (2002) e lembra-se da euforia: “Parecia um grande passo para a nossa democracia. Vinte milhões de pessoas saindo da pobreza, a taxa de desemprego atinge o menor índice da História e o Brasil emerge como um dos protagonistas na cena mundial.” Através de imagens de arquivo e com acesso privilegiado a Lula da Silva e a Dilma Rousseff, Democracia em Vertigem, com música de Rodrigo Leão, expõe todo o processo que culminou na queda de governo até à eleição de Jair Bolsonoro. A crise de um Brasil dividido em duas horas de cinema de denúncia pura e dura. I.B. De Petra Costa > 121 minutos
5. “A Amiga Genial: Um Novo Nome” (T1 e T2), HBO
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Primeiro, ouvem-se apenas gargalhadas. Só depois se abre o plano sobre os amigos dos subúrbios napolitanos, que regressam, alegres, do atribulado casamento de Lila e Stefano Carracci. A única cara triste, arrumada no banco de trás, é de Lenù, 16 anos, amiga visceral de Lila, e a nostálgica narradora da história. Foi com essa festa, cheia de momentos tensos, que terminou a primeira temporada da série que arriscou, no final de 2018, adaptar um dos maiores êxitos literários dos últimos tempos – a tetralogia A Amiga Genial, da misteriosa Elena Ferrante. Agora, acaba de estrear-se o segundo andamento. Em cada hora dos oito episódios, fuma-se muito, buzina-se muito, grita-se ainda mais. Veem-se mulheres na rua a repreenderem os filhos com uma agressividade hoje intolerável, vendas ambulantes de fruta e de pão, muitos napolitanos montados nas suas Vespas. Lila está agora casada, deixou de ser pobre, veste-se de forma elegante, mas sente-se mais infeliz e revoltada do que nunca – e muita dessa revolta nasce da violência doméstica com que subitamente tem de lidar. O seu ódio aos mafiosos irmãos Solara não a impede, no entanto, de ir trabalhar para a baixa da cidade, numa sapataria que o seu marido abriu em sociedade com eles. Quem sorveu a obra de Ferrante – que, para gáudio dos fãs, participa do guião – ficará também rapidamente vidrado na série, toda ela italiana, ainda que possa sentir que fica aquém da riqueza dos livros. L.O.
6. “The Outsider”, HBO
Stephen King conhece o mundo do horror como ninguém. Aos 72 anos, as histórias do escritor norte-americano mantêm-se na liderança dos rankings há várias décadas e o seu nome é, no mínimo, sinónimo de suspense. Depois de Castle Rock, produção de J.J. Abrams para a plataforma de streaming Hulu, em que se misturavam personagens e fragmentos de diferentes universos do escritor, é a vez de o livro The Outsider ganhar vida no pequeno ecrã, uma das grandes apostas para 2020 do canal HBO. Em The Outsider, agora adaptado pelo escritor Richard Price (The Wire, The Deuce, The Night Of), a premissa não é nova, mas a forma como se tenta deslindar o caso de um crime grotesco ganha pontos muito à conta das interpretações. Quando uma criança de 11 anos desaparece na floresta e aparece morta e mutilada num cenário macabro, que a realização não esconde, são várias as testemunhas oculares e as evidências físicas que colocam Terry Maitland (Jason Bateman), professor de Inglês e treinador de basebol, e a sua carrinha no local do assassinato. S.C.
7. “Foodie Love”, HBO
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Ela detesta alcaçuz, melancia com sementes, restaurantes japoneses geridos por chineses, e vinho rosé nem pensar. Não pode com quem começa a levantar os pratos ainda antes de terminar a refeição. Para Ele, desde que lhe desapareceu o par de meias da sorte, as coisas não têm andado tão bem. Tem o frigorífico cheio de molhos fora da validade e não gosta de quem fala de tortilha nem dos argentinos que desdenham a comida e dizem que não há nada como um barbecue. A Ela interessa-lhe mais a comida do que comer. Fascinada pelo Japão, já não suporta os chefes que falam de emoções sem parar. Foodie Love, produção espanhola, fala de e para uma geração que usa as aplicações para conhecer o par ideal. Neste caso, o match perfeito acontece através dos gostos pela comida, um algoritmo bastante saboroso. S.C.