
Carros pelos ares, folhas de árvores a voar, explosões, fogo e fumo em direção ao céu cinzento. No chão, tombam semáforos e candeeiros, e abrem-se fendas na calçada portuguesa. O edifício de 12 andares mantém-se de pé apesar do impacto do cometa na Terra. Foi este o “momento” criado por Sérgio Odeith no Parque das Nações, em Lisboa, para a estreia da série documental O Fim do Mundo, este domingo, 12, no canal História. Ao longo de seis episódios, procura-se encontrar as dez maneiras possíveis de acabar o mundo e dar resposta a uma pergunta: “Será que a espécie humana vai sobreviver se um desastre apocalíptico destruir a Terra?”.
“Há 65 milhões de anos, o impacto de um asteroide provocou uma série de catástrofes que levaram ao desaparecimento dos dinossauros. O que aconteceria se um corpo espacial com as mesmas dimensões voltasse a atingir o mesmo local? De que forma iria a humanidade enfrentar uma tempestade de pedras, mega tsunamis, incêndios fora do controlo, temperaturas próprias de uma fornalha e uma camada de ozono destruída? Quem iria sobreviver?”, questiona Carolina Godayol, diretora-geral do History Channel Iberia. Em O Fim do Mundo, recriam-se os possíveis desastres, que podem chegar sem qualquer aviso prévio: gigantescos impactos de asteroides, hipererupções vulcânicas, repentinas explosões de energia provenientes do espaço, chuva de vidro, um buraco na atmosfera, gravidade distorcida, avaria nas comunicações, pandemias… tudo pode ser possível. Mais iminente poderá estar uma colisão com um planeta errante, uma explosão de raios gama, uma erupção de metano no leito do oceano e uma guerra nuclear, segundo pesquisas recentes que o programa vai revelar. E se estas catástrofes acontecessem, algumas cidades seriam mais atingidas do que outras. Em Londres, por exemplo, as cápsulas da roda-gigante London Eye tornar-se-iam vitrinas dos corpos humanos mortos pela colossal explosão de raios gama; em Berlim, os Museum Island seriam inundados e desapareceriam como a Atlântida devido a inundações e tsunamis causados pela erupção de gás metano libertado do fundo do mar; em Barcelona, os pináculos da Sagrada Família começariam a soltar-se e a subir no ar por causa do impacto do planeta interestelar.
Por agora, tudo não passa de efeitos especiais – como aquele que Odeith criou em frente ao hotel Tivoli Oriente e que tem um único ângulo para ser visto (assinalado no passeio, junto à Gare do Oriente). Numa estrutura de dois painéis de cinco metros de comprimento por quatro de altura, o artista urbano criou uma perspetiva que dá distorção aos objetos de modo a parecerem reais. É esta a maior dificuldade destes trabalhos, diz. O tipo de pintura que faz, chamada anamorphyc art, está muitas vezes presente no nosso quotidiano, sem que demos por isso, nota. “Nas estradas, a palavra bus, por exemplo, tem uma certa distorção para ser vista de dentro do carro”, explica. Nestas pinturas que faz em esquina, os objetos levam sombras de maneira a parecer que estão suspensos, a flutuar. “Uma parede a direito não tem distorção vista de frente, a esquina tem de ter distorção, por isso os carros são mais esticados, os pneus ovais e os paralelepípedos alongados”, descreve, sem revelar mais pormenores sobre as técnicas que aplica apenas com spray. Ilusões de ótica, felizmente, que o fim do mundo, por agora, estará apenas na televisão.

O Fim do Mundo terá uma app (disponível para Android e iOS) onde será possível experimentar algumas das formas como o mundo poderia acabar, através do videojogo de realidade virtual e aumentada (com óculos para smartphones).
O Fim do Mundo > estreia 12 fev, dom 22h, 22h40 (dois episódios)