1. “A Leiteira”, de Vermeer
Um poema da poeta polaca Wisława Szymborska levou-a a Amesterdão, ao Rijksmuseum, ver de perto A Leiteira, de Vermeer. “Sei quase de cor o poema e, muitas vezes, copio-o para oferecer aos amigos.” “Enquanto aquela mulher do Rijksmuseum/ em quietude pintada e concentração/ dia após dia não verter o leite/ do jarro para a vasilha/ o Mundo não merece/ o fim do mundo.”
2. “Clepsydra“, de Camilo Pessanha
“Tenho uma relação de tipo magnético com este livro de poemas. Gosto de o ter sempre por perto, virado para a frente na estante, e não de lado como os outros. Gosto de o ver assim, ali. Releio-o muitas vezes. Poemas e versos que ficam na memória em forma de música, matéria de beleza e ritmo.”
3. Casa no Barlavento, Algarve
Há uns anos, no Barlavento algarvio, reparou numa casa que tinha o mesmo nome de uma grande amiga. “Viemos a saber que as duas ganharam o nome por causa da mesma (triste) protagonista de um romance de Milan Kundera. A literatura escolheu assim o lugar onde, desde então, passamos as férias de verão. Fica no quilómetro zero da N125, como promessa de começo.”
4. Árvore sumaúma, Lisboa
“No Jardim da Estrela, há uma árvore, ao pé do coreto, que é a última a florir. Chama-se sumaúma, se sei bem, e é a rainha tardia do jardim. Só em setembro começa a dar flor, quando o resto do jardim já está a ficar discreto. Então, frondosa e cheia de maravilhosas flores cor de rosa, não passa despercebida a ninguém. ”
5. Dançar
Nunca passa muito tempo sem dançar ou fazer desporto. “Entrei na ginástica rítmica do Sporting aos 6 anos e comecei a fazer ballet mais tarde do que é costume, mas até hoje não parei. Houve uma altura em que passava muitas horas nas aulas de dança contemporânea. Depois, veio o tango e ficou. O desporto é-me vital; a dança encanta-me.”
6. Falar outras línguas
Clara Riso viveu, durante muitos anos, entre a Europa Central e os Balcãs. “Nessa altura, por causa do trabalho e das pessoas com quem convivia, passava os dias a saltar entre línguas: húngaro, alemão, inglês, francês, sérvio. Claro que não falava bem todas, mas era uma ginástica mental que me dava muito prazer e de que sinto falta nos dias mais monolingues.”