
Livraria Tigre de Papel
António Bernardo
1. Tigre de Papel, Lisboa
Fernando Ramalho e Bernardino Aranda acreditam que os livros não se gastam por serem mil vezes lidos e foi com essa convicção que decidiram, há ano e meio, abrir a Tigre de Papel. Nas estantes desta livraria na Rua de Arroios, em Lisboa, encontram-se muitos títulos ou que as editoras já não têm interesse em reeditar, ou que as pessoas já não querem, mas também livros novos – de pequenas editoras, de editores independentes, edições de autor – de todos os géneros e para todas as idades. A atividade anual é complementada, no verão, com a venda de material e livros escolares, promovendo-se igualmente a reutilização de manuais em segunda mão. E porque a Tigre de Papel quer ser também um ponto de encontro, todos os meses são programadas conversas com escritores, leituras para crianças, exibições de filmes ou encontros musicados à volta da literatura. Já recentemente, Fernando e Bernardino concretizaram outro dos seus objetivos: a publicação de livros com a chancela Tigre de Papel. Em maio de 2017, saiu uma reedição fac-similada de Lex Icon, de Salette Tavares, há muito esgotado; em novembro, lançaram Vida entre Edifícios, do arquiteto dinamarquês Jan Ghel; e, em dezembro último, a novela gráfica Gravidez, de Júlia Barata. I.B.
R. de Arroios, 25, Lisboa > T. 21 354 0470 > seg-sáb 13h-20h

A Menina e Moça, no Cais do Sodré, nasceu com o objetivo de fugir à globalização, aos bestsellers e às novidades literárias e, acima de tudo, para “acarinhar as livrarias independentes”, diz Cristina Ovídio, a proprietária desta livraria-bar no Cais do Sodré
Mário João
2. Menina e Moça, Lisboa
Nesta livraria-bar, no Cais do Sodré, os livros de poesia, de história e de filosofia convivem com os de gastronomia e de música. E também com as garrafas de bebidas e muitas iguarias. Vamos por partes. Devorem-se, em primeiro lugar, as obras que se veem nas estantes, como os títulos de Fernando Pessoa, “o único escritor português que todos os turistas conhecem”, afirma Cristina Ovídio, editora da Clube do Autor e proprietária da Menina e Moça. Mas também podem folhear-se os livros de Cesário Verde e os de Alexandre O’Neill. “Para lá de ser uma grande admiradora, era também um grande amigo do meu pai, o colecionador António Manuel Baptista”, descreve Cristina. Esta Menina e Moça nasceu com o objetivo de fugir à globalização, aos bestsellers e às novidades literárias e, acima de tudo, para “acarinhar as livrarias independentes”, acrescenta. A par dos muitos livros, há ainda postais com fotografias da autoria de António Pedro Ferreira de uma Lisboa melancólica e de João Francisco Vilhena, inspiradas em Fernando Pessoa. “A ideia é que os leitores possam escrever e, à saída, deixar dentro da caixa do correio”, conta. Tudo isto enquanto se saboreiam os biscoitos caseiros e um chocolate quente.
R. Nova do Carvalho, 40-42, Lisboa > T. 21 827 2331 > dom-qui 12h-2h, sex-sáb 12h-3h
A Papa-Livros no Quarteirão das Artes, no Porto, é uma livraria com editora dentro, a Tcharan
Rui Duarte Silva
3. Papa-livros, Porto
Quem chega à única livraria do Quarteirão das Artes, no Porto, não vai ficar muito tempo a olhar os êxitos da literatura infanto-juvenil na parede do lado direito sem saber o que escolher. “As opções são muitas e os adultos perdem-se”, diz Adélia Carvalho. A escritora e mentora do projeto da Papa-Livros, para o qual Adélia desafiou, em 2010, a ilustradora Marta Madureira, orienta a escolha do cliente para dar, digamos assim, uma nova oportunidade aos livros. “Se não pegarmos neles, as pessoas não vão encontrá-los”, explica. Desenhada pela dupla de arquitetos Tierri Luís e Miguel Pimenta, a livraria que incorporou “a parede expositiva” desenhada por Gémeo Luís, exibe publicações premiadas entre obras de Álvaro Magalhães, Manuel António Pina, José Jorge Letria, João Pedro Mésseder, Cátia Vidinhas e João Vaz de Carvalho. Uma boa parte das escolhas passa pelos cerca de 20 livros já publicados pela Tcharan, a editora das próprias Adélia Carvalho e Marta Madureira. A Papa-Livros “é um projeto único, de duas autoras, que têm uma livraria com uma editora dentro”, reforça Adélia, a poucas semanas de lançar a biografia romanceada de Sophia de Mello Breyner Andresen. S.S.O.
R. Miguel Bombarda, 523, Porto > T. 22 093 1549 > seg 14h30-19h30, ter-sáb 10h30-13h, 14h-19h30
No Porto, a Flâneur, de Arnaldo Vila Pouca e Cátia Monteiro, nasceu de uma bicicleta ambulante
Lucília Monteiro
4. Flâneur, Porto
O novo ano começa bem para a Flâneur, a livraria de rua do Porto, de Arnaldo Vila Pouca e Cátia Monteiro, que se mudou há poucos meses da zona da Constituição para a Boavista. Dois anos depois de ter nascido, lança este mês o seu primeiro livro, Antologia Poética, de Carl Sandburg, com traduções de Alexandre O’Neill e Vasco Gato (€13). A escolha desta primeira edição “partiu de um gosto pessoal” conta-nos Arnaldo Vila Pouca, que surgiu a partir da recuperação de um livro há muito desaparecido com traduções de Alexandre O’Neill, das Edições Tempo (1962). O objetivo da Flâneur será editar um livro por ano, “de qualquer género literário”, e, ao mesmo tempo, crescer em número de leitores e editoras, sobretudo, nas mais pequenas, como as que entraram recentemente nas prateleiras – caso da Pianola e Edições do Saguão. Os dois mentores da Flâneur – que nasceu a partir de uma bicicleta ambulante – querem ainda aumentar os livros em língua estrangeira e “manter a dinâmica com escritores e leitores”. É que aqui tanto se vai à procura de reedições de Agustina Bessa-Luís, do livro Misteriosamente Feliz, de Joan Margarit – que continua a ser um dos mais vendidos – como de novas publicações de pequenas editoras, caso de Tão Bela como Qualquer Rapaz, da Língua Morta, ou do quase esgotado 145 Poemas, de Konstantinos Kaváfis, da Flop.
R. de Fernandes Costa, 88, Porto > T. 91 211 0954 > ter-sáb 10h-19h, dom 15h-19h

A Letra Livre na Calçada do Combro é especializada em literatura de língua portuguesa e ciências humanas de pequenas editoras independentes – como a Edições Averno, a Língua Morta, a Pianola, a Etcetera, a Ulmeiro, a Vendaval ou a Frenesi
José Caria
5. Letra Livre, Lisboa
Com o encerramento da Ler Devagar, no Bairro Alto, Eugénia Gomes, Eduardo Sousa e Carlos Bernardo ficaram sem trabalho. Nesta altura, em 2006, unidos pelo amor aos livros, decidiram abrir a Letra Livre, livraria especializada em literatura de língua portuguesa e ciências humanas de pequenas editoras independentes – como a Edições Averno, a Língua Morta, a Pianola, a Etcetera, a Ulmeiro, a Vendaval, a Frenesi… “Somos, essencialmente, um alfarrabista que se dedica à venda de livros de filosofia, antropologia, história contemporânea e sociologia que compramos, sobretudo, a particulares e a bibliotecas”, esclarece Eugénia Gomes, uma das sócias. Mas isso não significa que, ao deambular-se por esta antiga loja de antiguidades, não se possam encontrar algumas novidades “muito bem escolhidas”, afirma com convicção. Há ainda uma área reservada a títulos sobre arte e sobre África, por exemplo. Para lá de se dedicarem à procura e venda destas obras, a Letra Livre é também uma editora. “Acabámos de editar o terceiro volume da obra do cineasta João César Monteiro”, lembra. Resumindo, se o leitor andar à procura de livros antigos, o mais provável é que os encontre arrumados numa das prateleiras desta pequena livraria.
Cç. do Combro, 139, Lisboa > T. 21 346 1075 > seg-sáb 10h-13h, 14h-19h

A Baobá, de portas abertas em Campo de Ourique há um ano e pouco, tem as estantes repletas de livros infantis e juvenis
Mário João
6. Baobá, Lisboa
Fazia falta uma livraria como esta em Lisboa e que pena não existirem muitas mais assim. A Baobá, de portas abertas em Campo de Ourique há um ano e pouco, tem as estantes repletas apenas de livros infantis e juvenis. Aos títulos da Orfeu Mini, a chancela para os mais novos da Orfeu Negro, responsável pela livraria, juntam-se os de outras editoras e, juntos, espalham-se por este rés do chão, que mantém as divisões de uma casa: sala, corredor, quartos, cozinha (onde nos podemos sentar a ler na antiga chaminé), marquise, pátio… Não faltam ilustrações por aqui – nas páginas dos livros e na parede – e é certo que, aos sábados, há sempre animação, com contadores ou lançamentos de livros. Já em janeiro, promete-se “fazer frente ao medo” com um ciclo de histórias escolhidas a dedo (vale a pena consultar a agenda da livraria). É entrar e acreditar que, ali, tudo é possível – até uma árvore ter as raízes viradas para o céu.
R. Tomás da Anunciação, 26B, Lisboa > T. 21 192 8317 > ter-sáb 10h-19h30

A expressão “shop around the corner” assenta muito bem à Pó dos Livros na Avenida Duque de Ávila, em Lisboa
José Caria
7. Pó dos Livros, Lisboa
Mandam as regras da boa escrita jornalística que não se devem utilizar palavras inglesas. Mas, como as regras também existem para ser quebradas, escreva-se que a expressão “shop around the corner” assenta muito bem à atual Pó dos Livros. E diz-se atual porque, em 2008, a livraria fundada por Jaime Bulhosa, conhecido livreiro lisboeta, abriu na Avenida Marquês de Tomar, tendo-se mudado (vai para três anos) para a loja de esquina da Duque de Ávila onde, em tempos, funcionou a Dyrup. Nos últimos anos – obrigada ciclovia! –, ali nasceu toda uma outra avenida e, para isso, também contribuiu a Pó dos Livros, com os muitos livros novos, alguns em segunda mão, uma ou outra novidade, um ou outro best-seller e, sobretudo, um extremo cuidado na seleção de uns e outros. Ao balcão, há sempre alguém que sabe o que faz e que pode ajudar a encontrar o que se pretende. Lá atrás, a zona das crianças, aqui pouco ou nada desprezadas, e um grande sofá preto em pele. Apetece sentar e ficar. Estar. S.B.L.
Av. Duque de Ávila, 58A, Lisboa > T. 21 795 9339 > seg-sáb 10h-20h
Além dos livros, a Distopia tem também uma secção grande de música (cds e vinis), uma zona dedicada aos leitores infanto-juvenis e até uma sala de leitura
José Carlos Carvalho
8. Distopia, Lisboa
O nome diz logo ao que vem: a Distopia não quer ser uma livraria igual às outras. “Além de ser um género literário que nos diz muito, as distopias da literatura têm um fator de resistência e de alerta para questões políticas e sociais que nos interessa”, diz Sónia Silva, que, juntamente com Bruno Silva, abriu a livraria em outubro de 2015. E não é por já irem na terceira morada – começaram na Rua da Escola Politécnica, passaram pelo Entretanto, e há quase um ano que estão na Rua de São Bento – que mudaram a filosofia. Ali, ao lado das novidades editoriais, encontram-se muitos títulos de fundo de catálogo, raros no mercado, e que lhes deram clientes fiéis desde os primeiros dias. “Na livraria Distopia, numa aparente contradição, acredita-se que a Literatura, a Música, a Cultura e as Artes de uma forma geral são fundamentais para uma sociedade mais livre, onde conhecimento, entretenimento e imaginação andam a par”, explicam. Por isso, apostam também numa secção grande de música (cds e vinis), aproveitando a experiência de Bruno nesta área, e numa zona dedicada aos leitores infanto-juvenis. E têm até uma pequena sala de leitura.
R. de São Bento, 394, Lisboa > T. 91 486 9616 > seg-sáb 10h-20h

Francisco Garcia Reis e Nuno Queirós Pereira são, desde dezembro passado, os novos donos da Poetria, a primeira e única livraria de poesia e teatro do País com morada nas Galerias Lumière, no Porto
Rui Duarte Silva