Antes de mais, uma correção: o Creoula tem 80 anos e não 79, como referi num texto anterior do meu relato do embarque neste antigo bacalhoeiro (por falar nisto, assistimos a bordo, projetado na vela do grande, ao documentário da National Geographic The Lonely Dorymen, dedicado à vida dos pescadores portugueses em bacalhoeiros do género e vale bem a pena). Quem também caminha saudável para essa idade é Maria de Lurdes Gomes, 73 anos. Lurdes, como gosta de ser tratada, “sem dona”, viaja em veleiros desde 2006. “Gosto muito de mar, gosto muito de andar à vela”, diz, a bordo. Navegar com este grupo de jovens faz com se sinta rejuvenescida, confessa ainda. Nestas viagens do Creoula, reúnem-se “jovens “de espirito”, garante Marta Martins, voluntária da Aporvela (para embarcar no navio, basta ter mais de 14 anos).
Margarida e Beatriz, invisuais, entraram nesta aventura. Num ambiente adverso, com bastantes obstáculos e dificuldades, o desafio tem sido superado. Muito graças à força de vontade evidente de cada uma delas, mas também devido à enorme entreajuda entre todos, desde a guarnição aos instruendos. Este espirito é destacado por Cláudia Ribeiro e Rodrigo Lima para aconselharem outros adolescentes, como eles, a viverem o desafio e a experiência de estar no Creoula.
Para nós, a viagem terminou hoje. Gentilmente, o comandante Carvalho de Oliveira e a sua guarnição navegaram até mais perto possível da marina de Cascais, fundeando o Creoula e trazendo-me em bote até terra. É um também uma forma de todos em terra contemplarem a beleza deste grande veleiro, carregado de história. É estima-lo, diria eu. Afinal de contas, já tem 80 anos e parece não querer ficar por aqui.
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