É antecipada, a 5ª edição do Open House Lisboa, o roteiro de visitas gratuitas que este fim de semana, dias 2 e 3, convida a descobrir obras de arquitetos consagrados, palácios, monumentos, escolas, casas particulares ou ateliês. “A Trienal de Arquitetura de Lisboa marca a agenda de outubro e quisemos evitar a sobreposição”, justifica José Mateus, o arquiteto que preside à Trienal e comissaria o Open House. Tire-se pois partido dos longos dias de verão, para dizer que a iniciativa conta, agora, com mais visitas gratuitas, a estenderem-se até à noite. Como a subida ao Arco da Rua Augusta ou a visita ao Cemitério dos Prazeres.
Dos 73 edifícios que compõem o roteiro, 51 são novidade, muitos dos quais passamos todos os dias, sem nunca lá entrar. O desafio é fazer em Lisboa o que faz quando viaja. E, qual turista de calçado confortável nos pés, lançar-se à descoberta, por exemplo, do Mosteiro de São Vicente de Fora, erguido durante a dinastia filipina e que haveria de sobreviver ao Terramoto de 1755. De apagar a memória espanhola, encarregar-se-ia o rei D. João V, mandando cobrir as paredes com mais de 100 mil azulejos, fazendo deste conjunto de painéis, a maior coleção de azulejos da arte barroca. A visita termina com a subida ao terraço sobre a nave da igreja, a exigir algum esforço. São 69 degraus, para depois ver Lisboa lá de cima, Almada e o Cristo-Rei, a Ponte Vasco da Gama e a Arrábida.
Se falar de arquitetura é falar também de escalas, deixe o mosteiro de dimensão generosa para rumar a uma casa ali bem perto, com cerca de 140 metros quadrados. O arquiteto Pedro Matos Gameiro recebe os visitantes na habitação ainda em construção, destinada ao arrendamento turístico. Criatividade não lhe faltou neste recanto do Largo do Outeirinho da Amendoeira, com vista para o Tejo, pátios exteriores e até uma minipiscina. Tal como esta casa particular, existem outras que abrem portas, como um apartamento em São Bento, redesenhado em 2012 pelo ateliê Ventura Trindade. E também ateliês, como o da artista Fernanda Fragateiro, nos Olivais, ou o estúdio/loft nos Anjos, do cineasta Miguel Clara Vasconcelos.
Para ajudar os indecisos, a organização criou, pela primeira vez, quatro roteiros temáticos: Lisboa à Vista, Cidade Reabilitada, Descobrir os Bastidores e Formação e Criação. E aumentou o número de especialistas, para uma compreensão mais aprofundada de cada lugar. As visitas comentadas nos Olivais Sul contam com nomes como Bartolomeu Costa Cabral, Nuno Portas e Raul Hestnes Ferreira, os arquitetos que desenharam, nos anos 1960, alguns dos blocos habitacionais.
Uma das novidades deste ano é o Open House Júnior, um conjunto de atividades durante as quais crianças dos 5 aos 15 anos são desafiadas a assumir o papel de arquiteto. Já o Programa Plus, conta com percursos de bicicleta, a possibilidade de desenhar seguindo os Urban Sketchers, performances no Palácio Pimenta, um workshop de fotografia e um ciclo de cinema dedicado à arquitetura em quatro locais do roteiro.
Na lista de locais que não estão acessíveis ao público está o Farol do Bugio ou a Torre de Controlo Marítimo, em Algés, o edifício de sete andares que avança sobre o Tejo desenhado por Gonçalo Byrne. Lanços e lanços de escadas, onde a segurança se torna mais apertada à medida que se sobe, para chegar finalmente à sala onde são monotorizadas as entradas e saídas das embarcações do Porto de Lisboa. O agora Aeroporto Humberto Delgado é outra das estreias, revelando o processo de controlo de bagagens e, porque estamos em maré futebolística, destaque-se o Estádio da Luz. Clubites à parte, esta é a oportunidade para perceber como foi construída a estrutura de suspensão da cobertura e é feita a saída do público em poucos minutos. Sem necessidade de inscrição, já que a entrada, como na grande maioria dos locais, se faz por ordem de chegada.
Open House Lisboa > vários locais > 2-3 jul, sáb-dom 9h-22h30 > grátis > www.openhouselisboa.com