1. A Canção da Árvore
Coralie Bickford-Smith
Autora e designer britânica, Coralie Bickford-Smith é conhecida pelo seu trabalho de inspiração vitoriana aplicado na coleção de clássicos de capa dura da editora Penguin, os Clothbound Classics, um sucesso de vendas a nível mundial. Em 2015, estreou-se na ficção infantil com O Raposo e a Estrela, um livro-fábula que surpreendeu a crítica e encantou os leitores. De então para cá, lançou mais três títulos, numa minicoleção de livros originais, que têm recebido vários prémios. O primeiro e os dois seguintes, A Minhoca e o Pássaro e A Canção da Árvore, foram editados em janeiro pela Relógio d’Água, que está também a preparar o lançamento do quarto volume, The Squirrel and The Lost Treasure, em português, em breve. São obras de capa mole, a lembrar o formato e o papel de uma boa revista, com um jogo de cores muito particular, no qual nos perdemos em busca das palavras e de mais e mais pormenores – não é à toa que vários artigos referem a vontade de emoldurar algumas páginas. Este A Canção da Árvore conta a história de uma ave migratória que se acomoda à vida numa árvore que a acolhe e, quando chega a hora de seguir com o bando, decide ficar para trás. Descobre então um mundo de novos inquilinos, paisagens diferentes e aventuras, naquilo que acaba por ser também um caminho de autodescoberta e combustível para a sua própria confiança. Um livro e uma história belíssimos. M.C.B. Relógio d’Água, 64 págs., €16
2. Qual é Coisa, Qual é Ela?
Luísa Ducla Soares (seleção) e Carolina Branco (ilustrações)
O que é que vai e vem, sem nunca sair do seu lugar? Resposta: A porta. O que é que a formiga tem maior do que o leão? Resposta: O nome. Poderíamos continuar a roubar tiradas a este novo livro para colar nestas páginas, que seria garante de entretém para várias idades. No total, são 200 adivinhas curtas, divididas por secções, do corpo humano aos objetos, dos alimentos aos problemas, ideais para puxar pela cabeça dos mais novos. A recolha é feita por um nome incontornável da literatura infantojuvenil portuguesa, Luísa Ducla Soares, que há mais de 20 anos lançou o Adivinha, Adivinha, agora com nova roupagem e mais desafios, com novas ilustrações, pelo traço de Carolina Branco, e ainda com um tamanho mais pequeno, ideal para levar na mochila, abrir numa viagem de carro ou partilhar com amigos. Pergunta final: Torto como sou, tiro a vida aos mais direitos. Quem será? M.C.B. Livros Horizonte, 56 págs., €12,90
3. O que Há Dentro de uma Flor
Rachel Ignotofsky
Se prestarmos atenção, não será difícil encontrar beleza em muitas das pequenas coisas que nos rodeiam. Nas flores, por exemplo, que estão por todo o lado. Rachel Ignotofsky, ilustradora científica e contadora de histórias norte-americana, tem-se dedicado a fazer de assuntos densos algo mais divertido e acessível. Com o seu traço simples e fluido, em tons quentes, enche as páginas deste livro para nos mostrar como são as flores por dentro, as suas formas mágicas, como crescem e se desenvolvem, porque é que são tão coloridas ou o que são o pistilo, o estigma e o estame. Com o tempo, as sementes ficam prontas para ser plantadas e uma nova flor irá nascer. No final do livro, a autora desafia os jovens leitores a plantarem o seu próprio jardim. Seja onde e de que tamanho for, será sempre bonito. I.B. Nuvem de Letras, 48 págs., €14,95
4. Casa
Carson Ellis
O fundo do mar pode ser casa, um prédio na cidade pode ser casa, uma cabana de troncos e folhas idem, assim como um autocarro com músicos em digressão, ou a toca de um guaxinim no interior de uma árvore. Sem esquecer uma casa no campo, a mesma que abre e fecha este livro, e a partir da qual, fiando-nos nas palavras e ilustrações da autora, a norte-americana Carson Ellis, ele nasce, publicado em 2015 e agora com tradução para o mercado português. Desenhado a guaches e tinta-da-china, e cheio de pormenores deliciosos para descobrir com os mais novos, saltita entre moradas que são reais e homenagens a culturas e lendas antigas, como os wigwams dos índios americanos, os seres atlantes e os seus vizinhos peixes ou as casas dos deuses nórdicos. A viagem toca vários países, algumas espécies não humanas e poderá ser um bom ponto de partida para perguntar às crianças o que sentem elas como casa. M.C.B. Orfeu Negro, 40 págs., €16
5. Casa de Família
Sophie Blackall
Era uma vez uma família que vivia numa quinta à beira de um riacho cintilante. Tinha 12 filhos, vacas para ordenhar, um piano para ocupar as tardes, feno para amontoar, trutas para apanhar com canas de pesca, árvores cheias de maçãs que davam boas tartes. Havia brigas, asneiras, brincadeiras, sonhos, barulho, confusão. Um dia, a filha mais nova cresceu tanto que deixou a casa. Em 2018, Sophie Blackall, autora de livros infantis, descobriu-a, nos arredores de Nova Iorque, abandonada e invadida pela Natureza, comprou-a e homenageou-a de duas maneiras. A primeira é através desta história, composta por desenhos de cenas imaginárias sobre a família que a habitou, onde foram colados restos de jornais, tecidos, papéis de parede, cadernos e outras tralhas encontradas na casa; a segunda é através da fundação do Milkwood, um retiro de criação aberto à comunidade literária infantil. M.C.B. Fábula, 48 págs., €14,95
6. E Se Fôssemos a Votos?
Luísa Ducla Soares (texto) e Rachel Caiano (ilustrações)
Cai que nem uma luva este livro. Mesmo que os leitores mais novos não tenham participado nestas eleições legislativas, é importante saberem do que se anda a falar. Numa edição cartonada com desenhos de Rachel Caiano, Luísa Ducla Soares desfia uma conversa entre um avô paciente e um grupo de miúdos curiosos sobre o que é isso de eleições. Fala-se do tempo em que se votava de braço no ar, da ditadura em Portugal, do que é preciso para ser eleito Presidente da República, de eleições regionais, autárquicas e europeias. Quem estiver atento saberá responder acertadamente ao quiz final. Editado pela Assembleia da República, E Se Fôssemos a Votos? integra a coleção infantil Missão: Democracia, já com outros títulos publicados: Fantasmas, Bananas e Avestruzes, A Melhor Amiga da Menina República, Leva-me ao Teu Líder e Voltas e Reviravoltas. I.B. Assembleia da República, 44 págs., €8
7. Talassa – O Mar Afinal Não é Azul
Judite Canha Fernandes (texto) e Yara Kono (ilustrações)
Por enorme generosidade dos polvos, brinca Judite Canha Fernandes, a autora deste livro teve acesso direto à Ata da Grande Reunião dos Oceanos ocorrida em 2023, onde estes debateram o seu estado atual, as suas preocupações e linhas de ação. É o ponto de partida de Talassa – O Mar Afinal Não é Azul para falar do estado de mares e oceanos, ecossistemas extraordinários e essenciais para a vida no planeta Terra. Num texto feito de diálogos, ilustrado pelo traço inconfundível de Yara Kono, Judite Canha Fernandes tem a habilidade de nos prender desde as primeiras linhas até ao último ponto final. Página a página, explica-se o significado de palavras salgadas e doces: fontes hidrotermais, redes de cerco, Marianas, microplásticos, bolas de Neptuno, fitoplâncton, efeito de Coriolis, titãs… No final, sintetizam-se as principais ameaças sobre os oceanos, alerta-se para o muito que há a fazer em sua defesa e sugerem-se dez ações que podemos fazer no dia a dia. O livro, com design e direção de arte da editora Pato Lógico, integra a coleção da Imprensa Nacional – Casa da Moeda dedicada à Literacia dos Mares, numa parceria com o Aquário Vasco da Gama. A acompanhar a sua edição, foi lançada uma moeda em versão corrente (valor facial €7,50) para lembrar a importância do conhecimento sobre os mares e oceanos, assinalando, ao mesmo tempo, os 125 anos daquela instituição. Falta apenas dizer que o livro traz um bónus: um bonito poster ilustrado para pôr na parede. I.B. Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 48 págs., €10