1. Noites de Peste
Orhan Pamuk
Regresso do Nobel de Literatura turco ao romance, com um enredo de morte e assassínio. Orhan Pamuk inventou uma ilha, Mingheria, para revisitar os últimos anos do Império Otomano, no início do século XX. É para aí que se dirige o navio real Aziziye. A peste, que também chegará, lançará um manto de mistério a acontecimentos inesperados. Personagens inventadas para um rigoroso fresco histórico. Presença, previsto para 18 de outubro
2. Cidade da Vitória
Salman Rushdie
Contra o ódio, a Literatura. Salman Rushdie não escreveu o seu novo romance com este propósito, mas ele tem estado em toda a sua obra. E ler Cidade da Vitória depois do violento ataque de que o escritor foi alvo, em 2022, e que lhe tirou um olho e limitou o uso de uma mão, é defender, em todas as circunstâncias, a liberdade de criação, de expressão e de pensamento. Mas militâncias cívicas e culturais à parte, esta nova ficção é, por si só, uma experiência marcante. Salman Rushdie convoca história e fábula para nos falar do poder dos mitos, dos enredos e, ao fim e ao cabo, da própria literatura. Com base num episódio real, Cidade da Vitória centra-se em Pampa Kampana, uma menina que assiste à morte de tudo o que conhece. Mas a dor é substituída por um dom divino: o de criar cidades, mundos e gerações animadas por sonhos e ambições. Os 250 anos que vive são outros tantos na história da Índia. D. Quixote,400 págs., €19,90, já nas livrarias
3. Infortúnios de um Governador nos Trópicos
Germano Almeida
Novo romance de Germano Almeida, nova viagem pela história e pela sociedade cabo-verdianas. Neste caso, com uma história de amores e desamores e de vinganças bem servidas. Uma história, afinal, de ciúmes e facadas no matrimónio. No século XVIII, o governador da colónia portuguesa descobre que a sua mulher, uma sobrinha muito mais nova, anda a traí-lo com um alferes médico da guarnição local. Se não aconteceu, podia ter acontecido. Caminho, previsto para outubro
4. Empúsio
Olga Tokarczuk
Outro regresso muito aguardado ao romance, este da escritora polaca também distinguida com o prémio Nobel de Literatura. Empúsio é o seu primeiro romance depois da distinção da academia sueca e nele ecoa o ambiente dos sanatórios que tanta e tão boa literatura europeia produziu no século XX (como A Montanha Mágica). Nos serões da hospedaria chegam notícias de mortes estranhas, que inquietam o jovem Wojnicz. Cavalo de Ferro, previsto para 23 de outubro
5. Pessoas Decentes
Leonardo Padura
Cada romance de Leonardo Padura é uma fatia da história recente de Cuba e poucos serão tão estimulantes como este: recupera a histórica visita de Barack Obama à ilha, em 2016, para aí colocar uma história policial. Na superfície é mais uma investigação de Mário Conde, detetive já reformado mas convocado pela polícia. Nas suas profundezas, esta é uma ficção que retrata o que ficou conhecido como “degelo cubano.” Porto Editora, previsto para outubro
6. Elon Musk
Walter Isaacson
“Há muitas vidas em jogo numa biografia. Cabe ao biógrafo lutar por elas, com a única arma que lhe é permitida: a verdade”, afirma um dos mais populares biógrafos de língua portuguesa, Ruy Castro. E foi justamente essa difícil tarefa que Walter Isaacson teve de superar ao lançar-se numa biografia de Elon Musk, uma das personalidades mais singulares das últimas décadas. Pergaminhos não faltam ao jornalista e escritor norte-americano, com trabalhos semelhantes sobre outros inovadores de várias eras, como Leonardo da Vinci, Albert Einstein e Steve Jobs. Com acesso direto, durante dois anos, ao criador da PayPal, Tesla e Space X, Isaacson conta-nos uma vida extraordinária desde a África do Sul, onde nasceu, até às bocas de todo o mundo, nem sempre pelas melhores razões. As polémicas à sua volta são muitas e esta biografia tenta traçar o retrato não só do percurso mas sobretudo de uma personalidade pragmática e ambiciosa. Objectiva, 500 págs., €29,45, já nas livrarias
7. O Último Sonho
Pedro Almodóvar
Ainda de Espanha, uma das surpresas desta rentrée. O realizador de Tudo sobre Minha Mãe assina doze textos que podem ser lidos como um autorretrato. São contos que percorrem mais de 60 anos da história pessoal e coletiva, com todas as obsessões que nos habituámos a ver nos seus filmes e personagens. Uma forma de entrar, sem filtros, na cabeça de Pedro Almodóvar. Alfaguara, 216 págs., €18,45, já nas livrarias
11. Os Últimos do Estado Novo
José Pedro Castanheira
Antecipando as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, anunciam-se livros com várias abordagens. O jornalista José Pedro Castanheira reúne trabalhos que realizou ao longo de 30 anos. O denominador comum é o estertor do Estado Novo e os derradeiros protagonistas do regime, como os membros do seu último governo ou o responsável do campo de concentração do Tarrafal antes do seu encerramento. Tinta-da-China, 288 págs., €18,90, já nas livrarias
7. A Família
Sara Mesa
É na estranheza que se desenrolam os romances de Sara Mesa, uma das mais estimulantes escritoras espanholas da atualidade. Publicado depois de Um Amor, A Família é um retrato de tudo o que une e separa. Nele encontramos, como o título sugere, uma família como as outras, mas com todas as suas particularidades e com o peso de cada época e geração. Sem segredos, tirando os que não se diz que existem. Relógio d’Água, 200 págs., €18, já nas livrarias
9. Memórias de uma Menina Bem-Comportada
Simone de Beauvoir
Haverá muitas novidades no universo da língua francesa, mas uma rentrée também se faz com a recuperação de grandes obras. Este primeiro volume das memórias de Simone de Beauvoir estava há muito esgotado. É o início do retrato de uma época e de um lugar muito específico (e castrador) das mulheres, uma espécie de reverso do seu influentíssimo ensaio O Segundo Sexo. Quetzal, 424 págs., €19,90, já nas livrarias
10. O que é ser uma escritora negra hoje, de acordo comigo
Djaimilia Pereira de Almeida
Além de escritora de amplos recursos, no romance, na novela, no conto e num registo inclassificável e sempre original, Djaimilia Pereira de Almeida é também uma ensaísta com obra publicada e autora capaz de refletir sobre o seu trabalho e biografia. É o que volta a fazer nesta memória sobre o caminho que a levou à escrita, pensado à luz do papel da mulher negra escritora na sociedade contemporânea. Companhia das Letras, previsto para 23 de outubro
12. Enquanto Vamos Sobrevivendo a Esta Doença Fatal
Nelson Nunes
A morte tem sido uma das obsessões de Nelson Nunes e, para apaziguar a inquietação que lhe está associada, nada como escrever sobre o assunto. Aqui fala-se de morte e de mortes, de como se lida com ela e se trabalha a partir dela, para a evitar ou para lhe dar o repouso eterno. Há histórias pessoais, assim como perspetivas de filósofos e cientistas. Um livro inesperadamente cheio de vida. Zigurate, 264 págs., €18,80, já nas livrarias