Ao contrário do que o título possa sugerir, não estamos aqui perante uma espécie de tese de doutoramento sonora sobre o punk, ou os seus ecos em 2018. A ética e a estética do do it yourself está muito mais na capa e nas letras irregulares, com que se escrevem os nomes das suas onze faixas, do que na música, nos traços infantis de um campo de ténis e de um outro de futebol − apesar de haver pontes. O que este Punk Academics é: um disco de rock com tudo no sítio. Guitarras bem alto, tão depressa a construírem paredes sonoras como a fazerem desenhos no ar, baixo e bateria, ora matematicamente rigorosos ora criativamente malcomportados, e uma excelente voz para a prática da modalidade. E, sobretudo, aquela sensação de urgência.
Todos os anos há uns discos que permitem, para alívio de muitos, perceber, dispensando grandes argumentações, que o rock – essa velhinha invenção com mais de meio século – está bem vivo. São mais, ainda, os álbuns que nos fazem desconfiar que o género caiu em jogos rotineiros, forçados, estafados, com mais passado do que futuro. Este segundo registo dos Cave Story pertence claramente ao primeiro grupo. A culpa é de quatro rapazes das Caldas da Rainha. É sempre no entusiasmo renovado de músicos, que tratam os códigos do rock como material novo, excitante e cheio de potencial, que assenta a imortalidade (até ver…) do género.
Ou seja: o rock está sempre a ser descoberto, geração após geração, e a dar frutos. Punk Academics é daqueles discos que apetece ouvir ao vivo, habitat natural do melhor que o rock tem para oferecer.