Assim que pomos o disco a tocar, a voz suave de Janeiro diz-nos ao ouvido: “Se não tens nada para dizer, toma coisas para viver.” Nas 12 canções que se seguem (a que se juntam três instrumentais, “trips”, como fragmentos de jam sessions) assistimos à revelação de um artista às voltas com o que, aos 23 anos, tem para nos dizer (amor, paixões, relacionamentos, entusiasmos e perdas são os temas fortes). Convocam-se referências, mais ou menos óbvias, de músicos de várias gerações que têm enfrentado a difícil arte de criar canções em português, e fica a sensação de que há vários caminhos abertos no futuro de Janeiro − mais jazz, mais pop, mais experimental… “Tens a cabeça a latejar com pensamentos confusos”, ouve-se na última faixa, Manhã, que também fala desse “tempo para viver.” Saímos do disco com a sensação de que encontrámos um escritor de canções (um imaginário e um estilo em construção) a seguir.
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