Mal se dá por ele quando se passa pelo movimentado Largo de São Domingos. Uma porta verde com o número 60, ao lado do restaurante Cozinha das Flores e do bar Flôr (que fazem parte do projeto The Largo), é a única indicação de um dos mais recentes cinco estrelas da cidade, em nada semelhante a outros projetos hoteleiros. “Não lhe chamamos hotel. É uma casa aberta a amigos que vêm visitar o Porto”, resume a diretora de alojamento, Catarina Cachola. A palavra casa, aliás, será referida por diversas vezes durante a nossa visita.
Passada a tal porta verde, um corredor leva-nos até à Lareira, a sala comum que recebe os hóspedes. Não há balcão de check-in, o contacto é feito previamente de uma forma personalizada, através de videochamada. As colunas e a parede em granito (iluminada pelo diretor artístico Julian Sommer) testemunham o passado histórico de um dos cinco edifícios, dos séculos XV ao XIX, adquiridos faseadamente, desde 2017, pelo coletivo dinamarquês Annassurra, dos empresários Per e Steen.
O projeto de reabilitação esteve a cargo do gabinete de arquitetura lisboeta de Frederico Valsassina – que manteve as escadarias, os varandins e as portadas –, cabendo ao atelier dinamarquês Space Copenhagen o design de interiores, das áreas comuns aos 18 quartos: dois standard e 16 suítes (até 105 m²). O projeto de decoração conciliou a História deste lugar com o saber-fazer do Norte, quer nos materiais utilizados (madeira, latão, mármore ou têxtil) quer nas obras de arte de artistas locais.
Do terraço, com piscina aquecida e um restaurante intimista a cargo da equipa do chefe Nuno Mendes (ver caixa), observam-se a Sé do Porto, a Ponte Luís I e Vila Nova de Gaia. Nesta casa pretende-se mostrar, sobretudo, um Porto à medida, através de experiências que tanto podem ir de um workshop de cerâmica a um passeio num Rolls-Royce elétrico.
The Largo > Lg. de São Domingos, 60, Porto > T. 22 976 0000 > duplos e suítes a partir €850 e €1 100, respetivamente
Um largo três em um
São João no Terraço No dia 23 de junho, The Largo celebra a maior festa do Porto com um jantar, preparado pelo chefe de cozinha Nuno Mendes, com um menu de sete momentos (€250), em que são recriados pratos típicos, como a fartura com tártaro de gamba rosa de Matosinhos ou a glorinha com gelado de flor de laranjeira.
Fotos: DR
Petiscos e bebidas A qualquer hora, o bar Flôr tanto serve croissants (€2,50) ou pastel de Chaves com creme de ovo e presunto da Laborela (€4,50) como cocktails criados pela bartender Tatiana Cardoso. O Cliched (€12), com bacalhau, é um dos bestsellers.
Cozinha das Flores No restaurante chefiado por Nuno Mendes, a carta privilegia pratos da cozinha portuguesa e vinhos de pequenos produtores. Ao almoço, há um Menu de Tacho (€29, segunda a sexta).