Talvez seja a energia dos Anjos 70, projeto que está a transformar aquela zona de Lisboa (fundado pela associação sem fins lucrativos Núcleo Recreativo do Regueirão), mas sente-se por ali a força de quem está a fazer acontecer. Marina Lamounier trabalha num pequeno atelier no andar de cima do edifício, antiga fábrica e tipografia, com uma programação de concertos, exposições, mercados e muito mais. É aqui que a ilustradora e artista brasileira de 28 anos cria lenços e panos com desenhos de elementos do Brasil e agora também de Lisboa, onde vive desde 2016. Fascinada pelos preciosismos e pormenores da linguagem e do comportamento, explica que a última coleção cruza detalhes dos dois países, como o surfista do trem que aqui é o surfista do elétrico (“fiquei muito curiosa quando vi alguém pendurado daquela forma”) ou os lenços dos ex-namorados, inspirados pelos tradicionais lenços usados pelas raparigas em idade de casar. As versões de Marina têm um poema escrito por ela, tal como acontece em muitas das suas peças, onde as palavras interagem com os desenhos e vice-versa. Sempre com uma pontinha de ironia.
O nome da Bapho Brasil vem da ideia de “último grito”, uma coisa de que toda a gente vai falar, a tal gíria que serve de ponto de partida para alguns dos seus trabalhos. “Cresci com os quadros do meu avô, que era pintor e foi uma grande influência pelos temas e pela combinação de cores”, conta. Marina começou por desenhar à mão e depois surgiu-lhe a ideia de estampar as suas ilustrações em tecido, passo a passo e sem grandes pressas. Como quem fica a ver o elétrico passar.
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