ALENTEJO
1. Maíz Taqueria, Sines
Este é uma paragem obrigatória para quem aprecia uma mesa recheada de iguarias mexicanas. Situado numa das praças mais centrais de Sines, o Maíz Taqueria, aberto em abril, ocupa uma casinha acolhedora, com esplanada a condizer. “Queríamos abrir uma coisa nossa e como adoramos comer, desde a tasquinha até ao restaurante com Estrela Michelin, pensamos que podia ser esse o caminho”, diz o casal Cláudia Santos e Rafael Russano, de 28 e 29 anos, respetivamente, nascido em Sines. Assim que se decidiram pelo tipo de cozinha que queriam fazer, seguiram para o México, onde ficaram um mês para experimentar e aprender tudo sobre esta gastronomia.
Há que ir com apetite e com tempo para saborear algumas surpresas da ementa. Nesta taqueria, decorada com chapéus e máscaras trazidas da viagem, servem-se seis variedades de tacos, incluindo um vegan, que se destacam pela massa caseira e recheios equilibrados. Aqui ficam duas sugestões: tortilha de milho frita, camarão, manga, abacate, maionese caseira e coentros e a de carne de vaca, mistura de enchidos tradicionais, cebola-roxa em pickle de lima e coentros. Qual delas a mais gulosa, acrescente-se. “Compramos o milho agrícola e fazemos todos os dias a nossa própria massa à mão”, remata o casal. Para prolongar a refeição, deixe-se ficar a apreciar um dos cocktails preparados com Mezcal, há ainda cerveja e whisky mexicano que nos levam ao México sem sair de Sines. R. Pedro Álvares Cabral, 38, Sines > T. 91 094 5733 > seg-qui 12h-15h, 19h-23h, sex-sáb até às 24h
2. A.MAR, Porto Covo
Na Praia Grande de Porto Covo, o restaurante e bar A.MAR, gerido pelo casal José Costa e Ivone Machado, é o novo ponto de encontro de residentes e turistas. Da esplanada, em cima do areal, contempelam-se os diferentes tons de azul do mar, mesmo ali frente, e difícil vai ser resistir a um mergulho.
A ementa desenhada por Joachim Koerper, chefe de cozinha do Eleven, restaurante lisboeta distinguido com uma Estrela Michelin, apresenta petiscos, entre pratos mais compostos e elaborados, pensados para as diferentes horas do dia e apetites. Aqui, tanto podemos saborear um gaspacho de morango, melancia e cereja (€6,50) e umas amêijoas à Bulhão Pato (€21), como um arroz cremoso de carabineiro (€59), uma massada de peixe do dia com molho de caldeirada (€26) e o entrecôte maturado cozinhado no forno a lenha com batata rústica e salada (€49). Para refrescar, há ainda gelados artesanais e cocktails, ideais para aproveitar o bonito pôr do Sol. Praia Grande, Porto Covo > T. 96 575 4882 > seg-dom 12h-15h, 19h-23h
3. Choupana, Vila Nova de Milfontes
O cheiro da maresia pode, por vezes, misturar-se com o dos grelhados no carvão – a grande especialidade desta cabana com ligação direta ao areal da praia do Farol, onde o rio Mira desagua no oceano Atlântico. Sempre a funcionar e com muito peixe fresco, pronto a ser escalado e posto nas brasas, as sardinhas, os carapaus e os carabineiros são dos pratos com mais saída. Descalço e de copo na mão, o ideal é apreciar o Sol a pôr-se no horizonte, enquanto se aguarda por mesa. Lg. do Farol, Praia do Farol > T. 283 011 275 / 96 635 4796 > ter-dom 12h30-22h
4. Jardineiro do Rei, Vila Nova de Milfontes
A caminho da Praia das Furnas, há que ir com atenção para não deixar passar o restaurante Jardineiro do Rei. A funcionar numa antiga escola primária, rodeada por eucaliptos, aqui quem nos recebe é David Trueb, 20 anos, que aposta numa cozinha de autor à base de plantas e legumes, sem usar qualquer proteína animal.
“Com 17 anos, fui para a Indonésia, durante três meses, para trabalhar na restauração e aí interessei-me bastante pela cozinha”, conta David, nascido em Vila Nova de Milfontes. Já em Portugal, frequentou a Escola de Hotelaria do Estoril. “No final do curso, tínhamos que criar um projeto de um restaurante fictício, desde a ementa à gestão”, resume. Assim nasceu, em finais de julho de 2021, o Jardineiro do Rei.
Para preparar a ementa, David utiliza os vegetais produzidos na Horta Nova, em São Luís, e o principal fornecedor do restaurante. Ao jantar (não abre aos almoços) serve dois menus de degustação, com três (€19,50) ou sete pratos (€35), que inclui, entre outras sugestões, tomate-cereja com velouté de coentros e beterraba fumada com bordelaise e arroz. Mas há que guardar espaço para a sobremesa de muesli de arroz frito com ervilha e manga. Para acompanhar, há cerveja de gengibre caseira e vinhos naturais. A partir de setembro, David espera começar a produzir o seu próprio vinho, na vizinha Herdade do Cebolal, junto à aldeia de Vale das Éguas. Estrada das Furnas, Vila Nova de Milfontes > T. 91 360 9998 > seg, qua-dom 19h-23h
5. Azenha do Mar, São Teotónio
Aqui não há reservas, e nem custa muito a aceitar esse facto, porque haverá sempre uma cerveja fresca para nos acompanhar na espera, já para não falar do mar batido e do pôr do Sol, que é de encomenda. No verão, são servidas cerca de 100 refeições por dia, com base em marisco apanhado nas redondezas, pago a preço justo. Neste restaurante, que roubou o nome à terra onde nasceu, começamos por depenicar pão alentejano, entretemo-nos com umas azeitonas bem temperadas, prosseguimos com umas amêijoas perfeitas. Podemos ainda dividir uma tachada de arroz de marisco, um dos ex-líbris da casa, a par da caldeirada ou da feijoada. Azenha do Mar > T. 282 947 297 > qui-ter 12h-14h30, 19h-22h30
6. Raya, Alandroal
Da esplanada do restaurante-bar Raia, inagurado em meados de junho, alcança-se uma vista privilegiada sobre a novíssima Praia Fluvial de Azenhas D’El Rei, que se estende por 148 metros de areal na Albufeira do Alqueva, no concelho de Alandroal. Após um mergulho refrescante, é numa destas mesas que apetece ficar a saborear um dos pratos da ementa preparada pelo chefe de cozinha Filipe Rebocho, baseada na ideia farm to beach (da quinta para a praia). À fruta, legumes e carne criada do ar livre na vizinha Quinta Terramay, Filipe acrescenta um pitada de modernidade.
À prova, entre outras sugestões, há lagostins do rio, lúcio-perca em tempura (um género de fish&chips) e hambúrguer de vaca com vegetais, maionese caseira e cebola da horta caramelizada, que se podem acompanhar com um copo de vinho ou uma das sodas artesanais com selo biológico. Para finalizar a refeição, a bola de Berlim ou um dos gelados caseiros são boas opções. Praia Fluvial de Azenhas D’El Rei, Albufeira do Alqueva, Alandroal > restaurante: seg-qui 13h-15h, 18h-20h; sex-dom 13h-15h, 19h-22; bar: seg-qui 12h-20h, sex-dom 12h-23h
7. Touril & Celso – Sabores da Costa Alentejana, Zambujeira do Mar

A quatro quilómetros a Zambujeira do Mar, a Herdade do Touril, uma antiga herdade agrícola transformada em turismo rural, também é um bom local de paragem. Aberto neste verão a visitantes, o restaurante Touril & Celso – Sabores da Costa Alentejana apresenta sugestões para as diferentes horas do dia, preparadas com produtos da horta biológica e da região, com a mestria da afamada Tasca do Celso, em Vila Nova de Milfontes. Começámos com o ceviche de legumes, continuámos pelas deliciosas almofadinhas de legumes e queijo, mas são os lagartinhos de porco preto, grelhados no ponto certo e servidos com arroz de feijão e batata frita, que nos ficaram gravados na memória. Herdade do Touril, Zambujeira do Mar > T. 283 950 080, 93 943 0600 > seg-dom 13h-15h30, 19h-22h
ALGARVE
8. O Paulo, Arrifana
Ainda estamos a apanhar banhos de sol na praia da Arrifana e já o pensamento “passeia” pelos pitéus d’O Paulo, morada obrigatória para quem anda pela zona de Aljezur. Debruçado sobre o mar, junto à fortaleza da Arrifana, este restaurante serve amêijoas gordas e boas, percebes, conquilhas, ostras, canilhas, lagosta, entre outros mariscos. A refeição, essencialmente com sabor a mar (apesar de haver boas carnes), pode continuar com peixe do dia grelhado, arrozes e cataplanas de peixe ou de marisco. Para rematar, um copinho de medronho. Junto à fortaleza da Arrifana, Aljezur > T. 93 497 5250/1 > seg-dom 9h30-24h
9. O Charneco, Estômbar
A visita vale todos os quilómetros percorridos até se chegar à rua estreita junto à igreja matriz de Estômbar, uma vila no concelho de Lagoa. A casa funciona com um menu de degustação com cinco petiscos e dois pratos, a bom preço, de sabores e produtos algarvios: tábua de entradas, em que há muxama de atum com amêndoas, cenouras temperadas, assadura tradicional, presunto, queijo e azeitonas; moreia frita, pataniscas de raia, amêijoas, salada de ovas de choco, xerém ou cavalas alimadas, nos petiscos, e arroz de tamboril, nos pratos principais. Termine-se com um pijaminha de doces algarvios. R. Joaquim Manuel Charneco, 3 > T. 282 431 113 > seg-sáb 18h30-21h30
10. Iguarias da Vila, Fuseta
Se há iguaria bem tratada neste estabelecimento, ela é o polvo, servido assado e acompanhado da já tradicional batata-doce mas também de surpreendentes pedaços de morcela. Uma combinação feita no céu! Mas não só do glorioso molusco vive o mais sofisticado dos restaurantes da Fuseta. O risoto cremoso de camarão-tigre, o peixe fresco e as carnes maturadas são de comer rezando. Pç. da República, 5 > T. 289 033 909 > ter-dom 9h-15h, 16h-24h
11. Nana on the Beach, Armação de Pêra
É com o pé (quase) na areia que se está no novo Nana on the Beach, na Praia dos Pescadores, em Armação de Pera, entre os restaurantes Praia Dourada e Arte Náutica (todos pertencentes ao hotel Vila Vita Parc). Com um ambiente informal e vista para o mar, serve cozinha de inspiração mediterrânica onde se destacam os ingredientes frescos e sabores tradicionais. Provem-se os orzos (massa italiana em forma de bago de arroz, frita com farinha sêmola) com camarão, polvo ou robalo e amêijoas, o souvlaki de frango ou o filete de robalo grelhado com tomate, alcaparras, limão e batatas assadas com alecrim. Uma grande seleção de bebidas e vinhos complementa o menu, assim como o gelado grego com mel e nozes artesanais – para comer no local ou levar para a espreguiçadeira, a poucos passos do mar. S.L.F. R. da Praia, Praia de Armação de Pêra, Armação de Pêra > T. 282 314 697 > qua-dom 10h-22h
12. Tasca do Avillez, Almancil

Este ano, o chefe José Avillez desceu até ao Algarve para instalar a sua Tasca no Cuá Cuá Club, em plena Quinta do Lago. Se o jantar começar tarde, conte-se com os decibéis da música da discoteca em subida permanente, especialmente se a refeição for na esplanada com pinta de resort no Bali. Pelo meio do “ver e ser visto” típico desta zona de veraneio, há boa comida a chegar à mesa, como é o caso dos ovos com molho de bife, do tiradito de corvina ou do robalo com legumes. Para fechar em beleza, Avillez trouxe a sua sobremesa com várias texturas de tangerina que fica mesmo bem nas fotos do Instagram. Cuá Cuá Club, Estr. da Quinta do Lago, 1, Buganvilia Plaza > T. 91 289 0263 > seg-dom 19h30–00h30
13. Monky, Faro
Começou por ser um restaurante “asiático digital” para takeaway, durante o confinamento de 2021, mas o êxito foi tanto que o chefe Rui Sequeira (do Alameda, também em Faro) tornou o Monky uma realidade. Bem decorado, com ambiente informal e divertido, como comprovámos. A Ásia ganha mais sabor quando provamos os crepes de rabo de boi com molho hoisin, os baos de camarão crocante ou de barriga de porco cozinhada cinco horas no forno com kimchi caseiro e amendoim, pad thai e nasi goreng de vegetais, frango ou camarão, caril indiano ou caril thai e o clássico tonkotsu ramen com o caldo preparado ao lume durante seis horas. No copo, um Asian Mule (vodka, yuzo, gengibre e chili) e a vida ganha outra energia, porque os asiáticos comem muito mais do que sushi. R. Moto Clube de Faro, lj. A-B, 3, Faro > T. 289 090 350 > qui-seg 12h30-15h, 19h-24h
14. Check In, Faro
Quando chegamos ao novíssimo Check In, em Faro, com uma caixa de Rossio e outra de Planta do Gelo, cortesia da Ria Fresh, Leonel Pereira começa imediatamente a provar os seus vegetais preferidos. Explica-nos depois que neste restaurante são os clientes que compõem o menu, pois aqui há “comida divertida para partilhar”. Para o ano, há de abrir o fine dinning – a sala já existe e as ideias também (será um novo São Gabriel?). Por enquanto, haverá sempre ceviche de atum, casquinha de siri ou tempura de lulas para ir aquecendo o palato para o que por aí virá. Além das plantas halófitas, este chefe inovador continua a servir pratos com microalgas, produzidas especialmente para si na Necton, em fotobiorreatores, uns tubos que misturam essa cultura marinha. Há oito anos que Leonel investiga todas as possibilidades neste campo e é por isso que agora se centra nas tetraselmis – como é o caso do bacalhau de meia cura com xarém de tetraselmis CTP4 (“a maior descoberta da ria Formosa”), um prato que faz questão de trazer também a alga em pó, para que se sinta toda a sua essência. Porém, é na receita de corvina americana, uma espécie invasora no Guadiana reabilitada pelo chefe, com esparregado de plâncton e decorada com halófitas, que encontramos o esplendor dos três projetos gastronómicos em que Leonel Pereira está emocionalmente envolvido. R. do Castelo, 7 > T. 96 807 0776 > seg-sáb 19h-23h
15. Primo dos Caracóis, Olhão
A vista para Estrada Nacional 125 não é brilhante, e o facto de não se aceitarem reservas (é por ordem de chegada) requer alguma paciência. Mas, quando confrontados com um dos magníficos xeréns (de amêijoa, conquilha ou de ambos) ou das ricas canjas de arroz (e dos mesmos bivalves), tudo se esquece. Estabelecimento simples, onde somos servidos por gente igualmente simples mas diligente, onde é sempre possível petiscar, a qualquer hora do dia, um belíssimo prato de caracóis. Foi, aliás, por aqui que tudo começou. EN125, Quatrim do Sul > T. 289 702 662 > ter-dom 9h-22h30
16. À Mesa, Tavira
No adro da igreja de Nossa Senhora da Ajuda, está montada a esplanada deste restaurante, uma bela surpresa numa praça cheia de casas mais viradas para os turistas. É da mão de João Dias que saem pequenas porções de combinações originais, algumas até improváveis. Comece-se pelo ovo com puré de cogumelos trufado e croutons de migas, siga-se para o cachorro de polvo, maionese de pimentos e batata-doce e aposte-se na corvina com arroz de coentros e limão. Esta é uma hipótese, mas há outras deveras saborosas: camarão, xerém e espuma de citrino e toucinho; tártaro de atum crocante ou açorda de bacalhau e ovo, a baixa temperatura. Pç. Dr. António Padinha, 21 > T. 96 563 4247 > ter-sáb 12h-15h, 19h-23h
17. Cantarinha do Guadiana, Vila Real de Santo António
Entremos com muito apetite e bastante tempo. As receitas, preparadas só na hora do pedido, são para ser apreciadas com vagar. Há três anos, os sabores da serra algarvia desta antiga casa de pasto de Alcoutim desceram à cidade ribeirinha para ali se instalarem. Da cozinha, saem pratos como ensopado de enguias, coentrada de cação, arroz de línguas de bacalhau, galo caseiro em molho de tomate, papas de milho com camarão, carne no alguidar com migas de tomate, sopas de peixe do rio. Av. da República, Lj. 4 > T. 281 547 196 > seg-ter, qui-dom 12h-15h, 19h-22h