Conhecemos melhor Tanka Sapkota pela cozinha italiana que prepara nos seus restaurantes Come Prima, Il Mercato e Forno d’Oro, mas o chefe nepalês de Baglung, há 25 anos em Lisboa, sente-se agora mais maduro e com vontade de arriscar, de perder o medo de apenas cozinhar para agradar ao gosto do cliente. Metade da ementa da Casa Nepalesa foi substituída por novos pratos. Foi nas receitas de família da mãe e da avó que Tanka se inspirou para esta renovação, apoiado em produtos portugueses de qualidade, como as carnes DOP. “É como se fôssemos comer numa aldeia no Nepal”, diz.
No restaurante aberto, há 11 anos, nas Avenidas Novas, perto da Fundação Gulbenkian, os tons escuros da decoração clássica não esmorecem a refeição, espicaçada pelo sabor e o picante das especiarias, uma mistura artesanal moída diariamente, em que se incluem pimenta timur e jimbu (da família da cebola), endógenos do Nepal.

Nas entradas, contrasta o cru e o frio da kachila (€8,95), tártaro de borrego, servido com gema de ovo biológico, com o quente do sadheko chhoila (€9,95), tirinhas de borrego alentejano, grelhado em forno de carvão. O que se segue, bakhra ko jhol ra momo, é um prato que Tanka deseja que se torne histórico. Feito pela mãe, comia-o na infância sempre que ficava constipado – na linha da nossa canja de galinha. Este caldo de cabrito (€9,95) bem apurado e muito aromático vem acompanhado de momos, uns gulosos pastéis de trigo cozidos ao vapor, recheados com carne de porco preto alimentado a bolota e frango do campo, para comer de uma vez só. É neste prato, cozinhado em fogo lento durante várias horas, que provamos yarchagumba, um fungo raro, que cresce apenas nos Himalaias, entre três mil e cinco mil metros de altitude, e caríssimo, chegando aos 45 mil euros por quilo.
O masaledar bakhra ko maasu (€17,95) era um prato das famílias mais abastadas e servido em dias festivos, agora preparado com cabrito fresco certificado transmontano DOP cozinhado com os ossos em fogo lento com molho de caril tradicional. No fim, o khira, arroz-doce feito com leite de vaca, cardamomo, canela e coco é tão nepalês, como português.

As segundas-feiras são reservadas para servir um dos pratos mais antigos da cozinha nepalesa: o kodo ko dhido ra bhale ko maasu (€29,90/2 pessoas), uma polenta de millet biológico com frango do campo, chutney de tomate e pesto de espinafres.
Casa Nepalesa > Av. Elias Garcia, 172A, Lisboa > T. 21 797 9797, 91 445 5664 > seg-sáb 12h-15h, 19h-23h, sex-sáb até 23h30