
Eis o que se pede ao vinho, no verão, quando o calor aperta e a sede vem: que possa ser servido fresco. Este pressuposto verifica-se facilmente nos brancos, em regra mais leves, ácidos e aromáticos do que os tintos, excetuando os casos dos verdes tintos e dos espumantes brutos tintos. Mas dizer que o verão sugere vinhos leves, frescos e, até, mais simples, não é uma proposição inquestionável, apenas significa que a função principal atribuída à bebida é dessedentar, como o tempo quente requer. E nem sempre é assim, depende das circunstâncias e do momento em que se bebe: à mesa e à conversa na esplanada, ao fim da tarde, ou num piquenique, petiscando o que houver, apetece sobretudo um vinho refrescante; na sala de refeições de casa ou do restaurante em convívio familiar ou social, com pratos mais elaborados, querem-se vinhos também frescos, por certo, mas um pouco mais sofisticados e complexos.
Há de tudo na lista que se segue: vinhos simples, leves, frescos e muito fáceis de beber, a acompanhar um petisco ou uma refeição ligeira; outros com alguma complexidade, volume e equilíbrio para pratos mais elaborados. Tanto uns como outros, porém, servidos à temperatura devida, que tem que ver com as características de cada um, nunca esquecendo que os brancos podem ser mais frios, entre 10oC e 14oC, conforme sejam mais leves ou mais encorpados (mas se forem gelados perdem-se os aromas, entre outras das suas virtudes); os rosés afinam por diapasão semelhante; a temperatura dos espumantes pode descer de 10/12oC a 6oC, no caso dos brutos naturais; os tintos podem oscilar dos 14oC, quando jovens, aos 16oC, sendo médios, e aos 18oC, se envelhecidos e mais encorpados.
Escolhemos vinhos das diferentes regiões do País e dos mais diversos tipos e estilos, dois terços dos quais de gama média (considerando esta entre €5 e €15, que é a bitola comum), e os restantes andam lá perto, alguns acima e um ou outro abaixo. A qualidade, porém, supera o nível que lhes é atribuído. Tem destaque especial a Região dos Vinhos Verdes por motivos óbvios: a frescura é um dos atributos mais evidentes dos seus vinhos.

Espumantes: Da Bairrada, do Alentejo e de Melgaço, cinco sugestões frescas
Gáudio Espumante Brut Nature 2016 Um espumante alentejano, da Vidigueira, 100% Antão Vaz, que é a casta branca rainha desta sub-região. É o primeiro espumante da Ribafreixo e mostra-se sedutor: aspeto cristalino, cor suave, bolha fina e persistente, aroma fresco e frutado – fruta de polpa branca e citrinos –, paladar elegante e rico com mineralidade, frescura e harmonia. €15,75
Quinta do Valdoeiro Bairrada Espumante Baga-Chardonnay Bruto 2014 Com uvas de uma casta tinta, a Baga, e outra branca, a Chardonnay, se faz este espumante bruto pelo método tradicional, com estágio prolongado sobre as borras para atingir maior complexidade. A cor é rosa-pálido, o aroma complexo com acentuada mineralidade e boas notas de frutos vermelhos, o paladar delicado, fresco, com acidez crocante, fruta apetecível e estrutura convincente. €8,50
Informal Bairrada Espumante Rosé 2015 Luís Pato colhe as uvas da casta Baga com que faz este belo espumante na sua Vinha da Panasqueira, onde também vai buscar, duas semanas mais tarde, aquelas de que precisa para o célebre tinto Vinha Pan. O espumante seduz com o tom rosa carregado, o aroma perfumado a framboesa com leve fumado, o paladar airoso, apelativo. Obviamente gastronómico. €15
Soalheiro Espumante Bruto Barrica 2014 Exclusivamente da casta Alvarinho, fermentou e estagiou 12 meses em barricas de carvalho (antes da segunda fermentação) e, depois, três anos na cave, onde ganhou o seu caráter. Tem aspeto brilhante, cor amarela intensa, bolha fina e persistente, aroma evolutivo e complexo (aromas terciários e abaunilhados) e paladar elegante com acidez e álcool em harmonia perfeita. Decisivamente gastronómico. €17
Kompassus Bairrada DOC Espumante Rosé 2012 Um belo vinho, feito com uvas das castas Baga, Touriga Nacional e Pinot Noir, com aspeto brilhante, cor de casca de cebola, aroma fino e perfumado com delicadas notas de frutos silvestres, paladar cremoso, impressivo, pleno de frescura e de sabor. Brilhante, em suma. €13

Rosés: Seleção em tons rosa, para todas as ocasiões
Cerejeiras Colheita Seleccionada Rosé 2018 Feito com uvas Castelão (40%), Aragonez (40%) e Touriga Nacional (20%), tem aspeto cristalino, cor vermelha rosada, aroma intenso e muito fresco a frutos vermelhos, paladar elegante, medianamente encorpado, com boa acidez, final longo e equilibrado. Tão apetecível para aperitivo como para acompanhar entradas e pratos leves de peixe ou de carne branca. €5
Conde Vimioso Colheita Seleccionada Rosé 2018 Com uvas das castas Touriga Nacional e Syrah, de vinhas plantadas em terrenos arenosos, se faz este vinho sedutor, de aspeto cristalino, cor rosada e suave, aroma elegante, intenso, fino, a fruta madura, paladar macio com acidez refrescante e final longo e harmonioso. Surpreendente relação qualidade/preço. €3,99
Colecção Privada DSF Moscatel Roxo Rosé 2018 Um vinho já emblemático da empresa José Maria da Fonseca e da região Península de Setúbal, cem por cento Moscatel Roxo, todo ele delicadeza: no leve tom de rosa, no aroma puro a fruta boa e fresca, no paladar elegante com acidez correta, e no final seco a insinuar-se para a mesa com pratos ligeiros, como os da cozinha oriental, sabe igualmente bem só à conversa. €9,90
Kopke Rufete Douro Reserva Rosé 2018 Vindima manual, prensagem suave, fermentação de 80% em inox, o restante em barricas usadas, de onde saiu o lote que estagiou seis meses em inox com bâtonnage semanal. Cor salmão pálida, aroma intenso a frutos vermelhos frescos com leves notas de especiarias, paladar elegante com frescura e complexidade assinaláveis. Para beber só ou à mesa. Pena que seja edição limitada a 1 400 garrafas. €20
Rosé de Ventozelo DOC Douro Rosé 2018 Só Tinta Roriz neste belíssimo rosé de cor muito suave em tom de rosa-pastel, aroma expressivo a frutos vermelhos com ligeiro toque mineral, paladar envolvente e muito equilibrado com a afirmação da fruta fresca e da boa acidez, e final elegante e longo. Só ou à mesa, faz boa companhia. €12
Pegos Claros Castelão Vinhas Velhas DOC Palmela Rosé 2018 Vinho nascido no território do Castelão, de vinhas velhas (60% com mais de 60 anos e 20% centenárias), feito à maneira antiga, com pisa a pé. Só Castelão, pois, neste rosé de aspeto brilhante, cor salmão, aroma limpo com notas de frutos, paladar cheio e envolvente com boa fruta e acidez refrescante. Excelente como aperitivo ou a acompanhar saladas, peixes, comida italiana e oriental. €7
Titular Blush Edition Dão DOP Rosé 2018 Feito com uvas da Touriga Nacional, tem cor salmonada ligeira e alegre, aroma atraente com notas de frutos vermelhos e pretos e de flores silvestres, paladar cheio de sabor com a fruta em evidência, a acidez a dar vivacidade e os taninos finos e discretos a conferir equilíbrio e complexidade. Estabilizado naturalmente, pode criar algum depósito. €5,95
Vallado Touriga Nacional Douro Rosé 2018 Uma vinha selecionada de Touriga Nacional na cota mais alta da Quinta do Vallado deu a maior parte das uvas com que foi feito este vinho, conferindo-lhe teor alcoólico baixo e acidez elevada. Bela cor rosada, aroma franco e limpo com sugestivas notas florais e de frutos silvestres, paladar apelativo com excelente acidez que derrama frescura, final longo e cativante. €6,45
Valle Pradinhos Rosé 2018 Elaborado com uvas das castas Tinta Roriz (75%) e Touriga Nacional (25%), com fermentação em inox e estágio sobre borras finas até finais de fevereiro, tem aspeto brilhante, cor salmão muito viva, aroma intenso e fresco a frutos vermelhos maduros com algumas notas florais, paladar suave e cremoso com acidez refrescante. Termina com elegância e persistência. €6
Vinha d’Ervideira Colheita Selecionada Rosé 2018 Feito com uvas das castas Aragonez, Touriga Nacional, Tinta Caiada e Alfrocheiro, vinificadas separadamente, o vinho beneficia do potencial aromático de umas e da elegância de outras e apresenta-se muito apelativo: cor rosa profundo, quase cereja, aroma intenso a frutos vermelhos com um toque floral, paladar cheio, fresco, envolvente. €6,50

Brancos: Dez vinhos leves e frescos, do Douro aos Açores
Terroir Vulcânico Arinto dos Açores D.O. Pico 2017 Cem por cento Arinto dos Açores, fermentado em balseiro de madeira de cinco mil litros, no qual estagiou sobre borras finas, durante 6 meses. Tem aspeto brilhante, aroma fino e fresco com discretas notas tropicais bem conjugadas com as da madeira, paladar cheio e refrescante com um toque vibrante de mineralidade. €16,50
Avô Fausto Bairrada Branco 2016 Monocasta de Maria Gomes com o qual o produtor Mário Sérgio Alves Nuno homenageia o seu avô Fausto e também a sua região, que é a Bairrada. Criado para ser vinho de guarda, tem complexidade e carácter invulgares. Bela cor dourada com brilho, aroma muito fino em que as notas frutadas e florais soam mais alto, paladar intenso e vibrante com a acidez, que é excelente, e a fruta, de grande qualidade, em plena harmonia. €20
Herdade das Servas Arinto Branco 2018 Uma grande casta branca portuguesa a exibir os seus dotes num vinho pleno de frescura e de mineralidade. Tem aspeto brilhante, cor citrina, aroma limpo e frutado a maçã verde e citrinos com notas tropicais, paladar cheio com grande frescura, boa fruta, toque mineral e um final elegante e longo. €9,50
Manoella Douro DOC Branco 2018 Feito com uvas de vinhas velhas com as castas Gouveio, Viosinho, Rabigato e Códega do Larinho do Douro, é uma expressão fiel desta portentosa região: aspeto brilhante, bela cor de limão, quase palha, aroma fino e complexo com notas florais, frutadas e minerais. Paladar muito vivo, fresco, elegante, pleno de equilíbrio e de sabor. Excelente relação entre qualidade e preço. €12,90
Marquês de Borba DOC Alentejo Branco 2018 Vem de longe a combinação de uvas das castas Arinto, Antão Vaz e Viognier neste vinho de aspeto brilhante, cor suave de limão, aroma limpo e jovem com notas citrinas e um leve toque mineral. Paladar fresco, consistente, com acidez equilibrada, boa fruta e final agradável, tão apto para aperitivo como para acompanhar saladas e pratos de peixe ou vegetarianos. €5,99
Morgado de Sta. Catherina DOC Bucelas Reserva 2016 Só de uvas da casta Arinto, com fermentação cuidadosa que começa em cuba e termina em barricas, seguida de estágio na mesma madeira sobre as borras finas e depois em cuba. Belíssima cor citrina com reflexos dourados, aroma fino a frutos brancos e citrinos, com notas de baunilha e um vibrante toque mineral, paladar cheio, fresco, elegante, que cativa. €9,69
Quinta de Camarate Branco Doce 2018 Duas castas, Alvarinho e Loureiro, deram este vinho leve e fresco com uma doçura muito agradável, com aptidão para a mesa, por exemplo a acompanhar sushi e pratos similares. Cor citrina amarelada, aroma muito floral e frutado, paladar equilibrado e suave com boa acidez, compensando a doçura e estabelecendo a conveniente harmonia.€6,99
Quinta de Chocapalha Arinto 2018 Este monovarietal feito com uvas das vinhas mais velhas da Quinta de Chocapalha (média de 28 anos) já é um clássico. Bela cor citrina suave e nítida, aroma intenso e fresco com boas notas frutadas cítricas e tropicais, paladar elegante com grande frescura, característica da casta, que a mineralidade e a salinidade acentuam. Muito boa aptidão gastronómica. €7
Assobio Branco Douro 2018 Um vinho versátil e gastronómico, à boa maneira tradicional, ou não fosse elaborado com uvas das castas autóctones Verdelho, Gouveio, Viosinho, Rabigato e Códega do Larinho. A cor é citrina, o aroma mostra-se intenso e fresco com boas notas frutadas, sobretudo cítricas, o paladar cheio com assinalável frescura. €7,49
Verdelho O Original I.G. Açores Branco 2018 Uvas da casta Verdelho “Original”, ou das Ilhas, que difere do Verdelho e do Gouveio do continente, pela frescura, salinidade, mineralidade e perfume característico, deram este vinho de cor citrina, aroma fresco tropical a ananás e maracujá, e paladar também marcado pela frescura, mineralidade e salinidade. €23,90

Verdes: Brancos e tintos, com aptidão gastronómica
Arca Nova Primoris Tinto 2018 Cem por cento Vinhão, tem cor vermelha muito concentrada, aroma intenso a frutos silvestres maduros, típico da casta, paladar denso, redondo, não adstringente, com forte estrutura, taninos vivos sem serem agressivos, acidez vincada, enorme frescura. Aptidão para acompanhar pratos fortes, como cabidela ou lampreia, por exemplo. €5,50
Azevedo Alvarinho Reserva Vinho Verde Branco 2018 Feito com uvas da casta Alvarinho, rainha da região dos Vinhos Verdes, tem aspeto brilhante, cor citrina de tom amarelado, aroma intenso a flores e frutos maduros de caroço, com notas tropicais, paladar vivo e cheio com acidez bem integrada, final persistente e muito equilibrado. €6,79
Casa de Vilacetinho Avesso Superior Vinho Verde DOC Branco 2018 A casta Avesso, que tem o seu território de eleição na sub-região de Amarante e que é, tradicionalmente, a base dos vinhos da Casa de Vilacetinho, apresenta-se na sua melhor expressão: cor citrina, aroma cativante com um toque floral e boas notas de frutos de caroço, como ameixa e alperce, paladar cheio com assinalável equilíbrio e grande frescura. Clara vocação gastronómica. €9,50
Maria Bonita Loureiro Barrica Vinho Verde DOC Branco 201 Exclusivamente Loureiro, da vinha mais velha, com fermentação em barricas usadas de 300 litros, seguida de estágio de oito meses. Tem aspeto brilhante, cor palha muito viva, aroma intenso, concentrado, com excelentes notas frutadas e minerais, paladar limpo, fresco. Estruturado com final longo e vibrante. Perfeito para acompanhar pratos de peixes e de marisco. €17
Paço de Teixeiró Avesso Branco 2017 Exclusivamente Avesso, de uma parcela de vinhas com 35 anos, em média. A fermentação começa em cubas de inox e termina em barricas de carvalho, onde fica seis meses sobre borras totais, com bâtonnage. Tem cor palha brilhante, aroma complexo com boas notas cítricas, mineralidade e leve fumado, paladar elegante, equilibrado, com bom volume, final cativante, fresco e mineral. €15
Muros Antigos Loureiro DOC Vinho Verde Branco 2018 Anselmo Mendes, “o senhor Alvarinho” (pelo trabalho de investigação e criação de grandes vinhos da casta), assina este vinho 100% Loureiro, cintilante no aspeto e na cor, intenso no aroma, com notas florais e frutadas típicas da casta, elegante no paladar com acidez e mineralidade, equilibrado, envolvente, sedutor. €6
Pardusco DOC Vinho Verde Tinto 2015 Três castas, Alvarelhão, Pedral e Cainho, neste vinho singular, desde o nome, que era dado no Minho aos vinhos tintos com pouca cor e medianamente alcoólicos, mas aptos para viajar e envelhecer bem. Cor ruby aberta, aroma exuberante com notas de frutos silvestres e especiarias, paladar fresco, mas sem acidez excessiva, leve e vibrante com final frutado e refrescante. €6
Pequenos Rebentos Loureiro DOC Vinho Verde Branco 2018 Cem por cento Loureiro, de três vinhas situadas em Ponte de Lima, Barcelos e Braga, mostrando a nobreza da casta: aspeto límpido, cor citrina, aroma fino com notas florais e frutadas muito características, paladar fresco, harmonioso e apelativo com final elegante, que mostra a casta Loureiro no seu melhor. €5
Quinta do Tamariz Superior Branco 2017 Feito com uvas das castas Loureiro e Arinto, na sub-região do Cávado, começa por seduzir com a cor citrina muito nítida, depois com o aroma franco com boas notas frutadas e um toque mineral, por fim com o paladar elegante, fresco, bem estruturado e equilibrado, que o recomenda para a mesa. Mas também apetece bebê-lo só. €17
Soalheiro Primeiras Vinhas Alvarinho Branco 2018 Monocasta Alvarinho em que se espelham as virtudes únicas da casta, com bela cor citrina amarelada, aroma mais elegante do que exuberante, paladar fresco, cheio e complexo, com boa estrutura e equilíbrio perfeito entre corpo e acidez, a evidenciar grande aptidão gastronómica. €17
