
O nome Semea tem um duplo sentido: em basco, significa filho e, em português, farelo de pão
Lucília Monteiro
As gambas do Algarve, que chegaram logo de manhã, não estavam na ementa do Semea, mas tal não impediu que tivessem ido para a mesa, cozidas com sal, assim como os espargos recebidos de uma quinta em Paços de Ferreira. O novo restaurante de Vasco Coelho Santos, aberto há poucas semanas na Rua das Flores, no Porto, continua a privilegiar os produtos portugueses da época, porém, “sem a radicalidade do Euskalduna”, assume o chefe. Uma coisa é certa: a carta, embora despretensiosa, respeitará a sazonalidade dos ingredientes.
Vasco Coelho Santos quer que o Semea – em basco, a palavra significa filho e, em português, farelo de pão – tenha por base “a partilha e a informalidade”. E que seja “uma cozinha mais acessível, a abrir o apetite para ir experimentar o Euskalduna”, diz aquele que é um dos chefes mais promissores, premiado pelo seu restaurante de cozinha de autor, aberto há menos de dois anos no Bonfim.
A “partilha e a informalidade” são a base do novo restaurante de Vasco Coelho Santos
Lucília Monteiro
À mesa chega-nos um cesto com pão caseiro de fermentação lenta (€2,50) e pasta de enguia fumada (€1). Prove-se a sardinha com pimentos para comer à mão (€4,50/duas unidades), o carapau alimado (€3,80), temperado em limão e azeite e cozinhado na própria acidez, o pica-pau de alcatra e pickles caseiros (€6), a açorda com tomate assado e ovo frito (€5,50), a cabeça de xara e pickles (€5) ou o frango frito à BaixóPito com molho de abacate (€5,50), a fazer lembrar a antiga chicken house do chefe. O atum rabilho (€10,50), o fígado de vitela e cebolada (€8,50) e o chouriço caseiro (€5,20) são outras sugestões da carta, que vai sofrendo alterações consoante o que chega do mar ou da horta. Em breve, Vasco Coelho Santos conta acrescentar-lhe uma sopa fria de sarrajão e “pratos com tomate, pepino e curgete”, a tempo da colheita destes legumes.
Podem acompanhar com guacamole, kimchi caseiro, puré de aipo tostado, pickles e couve assada, pão frito e vinagrete. Para brindar, há vinhos de pequenos produtores, alguns biodinâmicos. Nas sobremesas, não falta a célebre rabanada (€4) – aqui servida sem o gelado de queijo da serra, como no Euskalduna –, gelados de fruta da época (cereja, meloa e pepino) e o de canela, com ovos-moles e batata-doce, a fazer lembrar o algarvio Dom Rodrigo.
O chefe Vasco Coelho Santos irá dividir-se entre o Euskalduna Studio e o Semea
Lucília Monteiro
Semea > R. das Flores, 179, Porto > T. 93 856 6766 > seg-dom 12h-15h, 18h-22h30 (reservas apenas entre as 21h e 21h30)