Rui Martins – chefe do Rib Beef & Wine do Pestana Vintage Porto, Cozinheiro do Ano 2016 e, agora, também d’A Brasileira – tem passado os dias em experiências gastronómicas. No restaurante de autor da Baixa do Porto, que abriu, renovado, juntamente com a cafetaria centenária (fez, agora, 115 anos) e um novo hotel Pestana de cinco estrelas, viaja-se pelo receituário antigo da nossa cozinha numa carta de sabores elaborados e ao mesmo tempo divertidos.
O tomate tradicional vem em forma de tártaro (passa dois dias em salmoura) envolto em massa de azevia, os ovos mexidos chegam em mousseline, que se deita na açorda feita com broa de Avintes e espargos, as lulas estufadas vêm numa taça para sorver à colher. “Não é uma caldeirada nem é uma sopa”, avisa o chefe. Mas que o sabor é maravilhoso e genuíno – cheira e sabe mesmo a lulas estufadas –, isso é. O restaurante quer prestar homenagem às nossas raízes, acrescentando-lhes o olhar da cozinha contemporânea. Além do tradicional caldo-verde, das tripas à moda do Porto, do bacalhau à Brás, que chega com os ovos à parte para serem envolvidos com a batata cortada finamente, prove-se o arroz negro com lulas (inspirado no tradicional arroz de cabidela) ou a presa de porco ibérico coberta com uma espuma de batata frita e vinho do Porto, a levar a nossa memória para o típico prego no pão.
Nem a francesinha foi esquecida e é apresentada – de uma forma desconstruída, bem menos calórica – num pão bijou com chouriço, como se fosse uma sanduíche para comer à mão, ao qual se juntam o fiambre curado de presa de porco, um molho picante e um refogado de tomate e cebola. O remate final é uma tarte de queijo com gelado de frutos vermelhos e chocolate com cardamomo, fava-tonca e gelado de baunilha, que pode acompanhar com café de especialidade num lote próprio torrado pela Vernazza. Ou não estivéssemos n’A Brasileira.
Pestana Porto – A Brasileira > R. Sá da Bandeira, 91 > T. 22 531 1000 > seg-dom 12h20-15h30, 19h30-23h