Nada se perde, tudo se transforma. Esta é, com certeza, uma boa máxima para aplicar a um modelo de negócio. O desafio de tratar o bacalhau, das caras aos miúdos, da barbatana à espinha, foi assumido por Marta e por Daniel Castelo Branco, naquele que é o quarto (e maior) restaurante do casal, no Porto. “Queríamos uma carta capaz de dignificar o bacalhau, que fosse além dos pratos que se encontram sempre nos restaurantes”, conta Daniel. Aí, apresenta-se uma cozinha de autor, assinada pela chefe Catarina Martins, com as entradas a desconstruir receitas tradicionais (como as pataniscas com queijo da serra), enquanto as restantes sugestões são criações da casa.
O bacalhau é da Islândia (“o da Noruega é um mito”, diz Daniel), e tanto se utiliza o de cura branca (o mais comum), o de cura amarela (mais refinado), como o fresco (mais difícil de encontrar). Eles recebem o bacalhau inteiro e controlam todo o processo: fazem a demolha, cortam as peças e aproveitam tudo, desde a cabeça à barbatana. “Temos uma carta muito viva e abrangente, com mudanças regulares”, conta Ricardo. O ceviche de bacalhau fresco (€14), o grão bacalhau (€14, com grão-de-bico em diferentes texturas), a francesinha (€9,50) ou massada (€12, com massa fresca) estão entre os pratos mais pedidos. Para fugir à regra (e agradar a todos), existem dois pratos de carne: a pá de porco (€12) e o naco de novilho (€16), “barómetros de que o que fazemos na cozinha é mesmo bom”, sublinha Daniel. As divisões do antigo café sofreram uma transformação total, e o ambiente consegue ser, ao mesmo tempo, tradicional e divertido, requintado e informal, com as madeiras escuras das mesas e cadeiras em contraste com o amarelo da decoração. Nenhum pormenor foi ignorado, como se vê pelo logótipo do restaurante, com uma posta de bacalhau trabalhada graficamente e transformada em nariz de uma cara bem risonha. À despedida, é bem capaz de ouvir dos funcionários: “Lhau, Lhau!”
Lhau! Lhau! Maria! > R. Dr. Ricardo Jorge, 67, Porto > T. 22 205 7869 > seg-sáb 12h-15h30, 19h-23h