
Numa sala acolhedora, serve-se cozinha consistente, tanto na qualidade dos produtos como na competência culinária
Rui Duarte Silva
A ida a um restaurante tradicional absolutamente confiável, isto é, com uma sala acolhedora, cozinha consistente, tanto na qualidade dos produtos como na competência culinária, e serviço profissional, pareceu boa ideia, na entrada do ano novo. Em relação ao Porto, a escolha foi fácil, quase espontânea: A Cozinha do Manel (embora facilitada por terem sido excluídos, à partida, os restaurantes aqui mencionados nos últimos dois anos). É uma referência da nossa gastronomia, ali para os lados de Campanhã, diante da estação de metro do Heroísmo, com instalações e ambiente muito agradáveis: balcão comprido, cozinha à vista, sala aconchegante, luz natural, lambris e painéis de azulejos, alguns quadros, bons atoalhados, garrafeira e, coisa rara na cidade, dois fornos a lenha.
Na ementa há quatro postos cimeiros: cabrito, vitela, tripas e arroz de pato. Mas vamos por partes: para entrada, temos alheira de caça, morcela, presunto “pata negra”, queijo de Serpa amanteigado, bolinhos de bacalhau, folhado de perdiz (quando há perdiz, porque a regra da casa é utilizar produtos da época), e outros petiscos, além do ótimo pão caseiro, que apetece comer sozinho.
A seguir, as opções vão dos pratos que nunca saem da ementa, como o bacalhau (assado, à Gomes de Sá ou outro, mas há sempre e é sempre bom), os filetes de pescada ou de polvo e a vitela assada no forno a lenha, até aos pratos com dia fixo, que são: rancho à moda do Poto, segunda-feira; arroz de pato à antiga (surpresa: além do arroz com o pato escondido vem, à parte, uma coxa de pato assado), terça; rojões com castanhas ou à moda do Minho (com redenho, sangue e tripa enfarinhada), terça, quarta e sexta-feira; tripas à moda do Porto, quarta-feira e sábado; cozido à portuguesa (no inverno), quinta-feira. No dia-a-dia aparecem outras iguarias, como as mãozinhas de vitela estufadas com grão-de-bico, o peixe do dia e as carnes para grelhar (excelente lombo de boi) e, por encomenda, o cabrito assado no forno, que é divinal (servido inteiro ou em metades, para seis ou três pessoas).
Muito boa doçaria, que é feita na casa, como as rabanadas, a aletria, os bilharacos, os bolinhos de bolina e a musse de chocolate preto. Garrafeira interessante com vinhos da casa (Douro) servidos a copo. Serviço eficiente e simpático.

A vitela assada no forno a lenha é um dos pratos que nunca sai da ementa
Rui Duarte Silva
A Cozinha do Manel > R. do Heroísmo, 215, Porto > T. 22 536 3388/ 91 978 7598 > seg-sáb 12h30-15h; 19h30-22h (encerra aos feriados) > €25 (preço médio)