Há quatro gerações que, no Restaurante da Adraga, a qualidade continua a imperar, tanto na cozinha, que sabe valorizar o peixe e o marisco da costa, como no serviço, feito de simpatia
Marcos Borga
A singularidade do restaurante está na sua situação geográfica, à sombra da grande falésia que enquadra a praia da Adraga, do lado sul; na pertença à Agência Nacional do Ambiente, que não admite outras construções naquela área de paisagem protegida nem alterações na que existe e que, por isso, mantém o mesmo ar simples e sóbrio, com a sala virada para o mar e a esplanada para o areal e a serra, onde se vê o casario de Almoçageme, ali na encosta, e o castelo da Pena, lá no alto; e na posse da família Torres, que fez da barraca de praia inicial um restaurante de referência.
Já lá vão quatro gerações e a qualidade continua a imperar, tanto na cozinha, que sabe valorizar o produto de que dispõe – peixe e marisco da costa –, como no serviço, feito de simpatia. Se alguma coisa sobressai, além da qualidade das matérias-primas, é a singeleza das instalações, patente nas toalhas de papel sobre as de pano, e do trato, visível nos gestos amigáveis e francos de quem recebe.
A base da ementa sempre foi o peixe grelhado, a que se juntavam mariscos e um ou outro prato cozinhado no fogão, como a caldeirada. Verifica-se, agora, que estes deixaram de constar da lista, embora possam ser feitos “a pedido”. E a razão é simples: falta de espaço na cozinha. Assim, para entrada, há sempre, ou quase, amêijoas à Bulhão Pato, amêijoas com camarão, perceves, sapateira, mexilhão, lingueirão, santola e outros mariscos de frescura e qualidade irrepreensíveis; nos pratos principais, o peixe do dia – robalo, dourada, sargo, salmonete, choco, polvo da rocha -, que é exemplarmente grelhado, mas vem pobremente guarnecido com batatas e salada (no verão) ou legumes (no inverno). Talvez se pretenda incentivar o cliente a escolher outro acompanhamento, indicado à parte, mas é pena, porque destoa do bom serviço prestado no restaurante.
De todo o modo, quem gosta de peixe sabe que tem aqui o seu lugar. Doçaria da casa bem feita, em especial a sericaia, a tarte de chocolate e o merengue de morango. A garrafeira melhorou muito e só é pena que não tenha vinho a copo, a par do vinho da casa, que é um vinho corrente do Douro. Serviço muito atento e simpático.

Um restaurante de ar simples e sóbrio, com a sala virada para o mar e a esplanada para o areal e a serra
Marcos Borga
Restaurante da Adraga > Praia de Adraga, Almoçageme, Colares, Sintra > T. 21 928 0028 e 96 191 0833 > seg-dom 12h30-22h > €25 (preço médio)