O que acontece quando se adapta a comida tradicional portuguesa à cozinha vegetariana? O resultado pode ser alho à Brás, caldeirada de seitan ou tripas à moda do Porto com chouriço de soja, por exemplo. Estes são alguns dos pratos que poderá encontrar no novo restaurante vegetariano de Matosinhos, com nome de cumprimento hindú, o Namasté.
O jovem chef omnívoro, Mário Mota, foi desafiado pela vegetariana Manuela Ferro a estar à frente da cozinha de um restaurante que a técnica de acupuntura, licenciada em engenharia química, idealizou há mais de dois anos.
Manuela é vegan (evita comer tudo o que tenha proveniência animal) e idealizava um espaço que combinasse “a degustação com um pouco de cultura”. Para já, nas paredes roxas do restaurante há quadros da galeria Olga Santos, com quem tem uma parceria. Em breve deverá haver também recitais de poesia e música aos domingos. “A ideia é divulgar jovens artistas”, diz a proprietária.
O espaço tem a particularidade de não ter um menu. “Quem não é vegetariano tem dificuldade em escolher pela carta”, pensa Manuela. Por isso, imaginou um sistema de buffet com uma identificação dos ingredientes ao lado. “É uma forma de as pessoas não escolherem só o que lhes soa mais familiar, veem o aspeto dos pratos.” Todos os dias, ao almoço e ao jantar, há cinco entradas, três pratos quentes e guarnições (arroz integral, branco e legumes salteados…). Para além do sumos naturais, espremidos na hora.
O chef Mário achou o desafio interessante: “Não gosto de rotinas “, diz. No Namasté a diversidade é ponto de honra. Mário gosta de ter a cozinha repleta de ingredientes para, servindo-se da imaginação (e, claro, de alguma pesquisa em livros e na internet) criar diariamente novos pratos Rosa Fernandes dá-lhe uma ajuda com as entradas (aconselha os cogumelos recheados com batata-doce ou os folhados de vegetais). O chef pasteleiro venezuelano Daniel Perez encarrega-se das sobremesas… vegan. “Podem fazer-se muitas coisas sem ovos”, garante. Como o maravilhoso bolo de chocolate com frutos vermelhos ou as mousses de manga, chocolate, café, whisky.
“Às vezes a cozinha faz lembrar um laboratório de química”, diz Manuela. Os três jovens têm liberdade total para criar. A única condição parece ser mesmo não incluir nada de origem animal nas experiências. No livro de visitas do restaurante não faltam comentários a incentivar a imaginação.
NAMASTÉ
Restaurante vegetariano
R. Tomás Ribeiro, 660, Matosinhos
T. 22 937 3876/Tlm. 91 589 3551
Seg-Dom 12h-15h, 19h30-23h (exceto domingo à noite)
€6,50 (sem bebidas e sobremesas)