O nome dispensa apresentações. Aos 50 anos, Paulo Lobo é um dos designers de interiores mais reputados a nível nacional (citado várias vezes pela revista londrina Wallpaper), autor de vários projectos em todo o País, especialmente relacionados com lazer e espaços públicos (caso do Cafeína, Buhle, Twins, Porto Palácio Hotel, Shis, Forte de S. João, Real Indiana e a lista continua por aí fora…). A loja Lobo Taste, que abre sexta-feira, 23, promete, assim, ser uma meca para amantes do design.
Há algum tempo que Paulo Lobo, juntamente com a mulher, Paula, procurava um espaço, no Porto, onde colocasse à venda algumas das suas criações em co-autoria (ele desenha, ela vai dando sugestões , “resultado de uma relação de muitos anos”). O Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, um edifício histórico sob a alçada da Fundação da Juventude, situado na Baixa (muito próximo do novo ateliê do designer), acabaria por surgir como o local certo para acolher este projecto. São dois pisos, com pé-direito alto, paredes e estantes pintadas de cinza onde sobressaem dezenas de produtos com assinatura que desenterram memórias e nos remetem às artes tradicionais portuguesas, de uma forma minimalista.
“Há muito tempo que tínhamos a ideia de usar as técnicas tradicionais de artesanato, pegando nas peças originais dando-lhes uma nova dimensão, desenhando coisas novas”, conta Paulo Lobo. “Lá fora é o chamado redesign ou contemporany craft. Tenho utilizado estas técnicas antigas de artesanato nos espaços que faço, com bom resultado”, conta. O projecto envolve artesãos de todo o País – do Algarve ao Minho – que, garante, “estão abertos a novas ideias e sensíveis a estas propostas.” As mudanças saltam à vista, sem ferir contudo a memória do produto. Corrigiram-se os entrelaços de palha das tradicionais cestas, alargaram-se as fitas da cozedura, o tradicional zinco serve de tampa a caixas em vime… Há contentores feitos com palha de centeio, caixas em latão de diferentes tamanhos, caixas de madeira para guardar óculos, as típicas vassourinhas que eram usadas para varrer as cinzas da lareira, uma colecção de chapéus de palha, caixas de madeira de suporte para garrafas, candeeiros de estante, e até o típico figurado de Barcelos surge transformado (cor uniformizada, menos corações e bonecos mais esticados). Paulo criou ainda uma colecção de 80 caixas, feitas em madeira de choupo, que se encaixam umas nas outras. Sem esquecer caixas em latão e aço que vão guardar chocolates artesanais. A loja inclui, ainda, alguns produtos internacionais que seguem a mesma linha: um rádio antigo em mogno feito na Indonésia, um candeeiro e cestos, feitos à mão, que vieram de Copenhaga. A maioria das colecções tem 80 peças e edição limitada. “Quando forem vendidas, desaparecem e darão lugar a outras.”
A “componente manual” é a base dos produtos que aqui entram, sejam elas assinadas por Paulo Lobo ou por outros criadores. É que a Lobo Taste pretende ser também “um editor de objectos onde qualquer artista pode apresentar projectos”, nomeadamente os jovens que participam nos ateliês organizados pela Fundação da Juventude no próprio Palácio das Artes. O designer assume que “este é um projecto dirigido aos turistas” e segue as novas tendências do mercado. “A nível internacional está tudo a ficar sobrecarregado de design, está a voltar-se a estas coisas mais humanas.”
Mas os seus projectos não deverão ficar por aqui. Além do Bar da Praia do Aterro (Matosinhos), do novo Restaurante Faz Gostos (Algarve), ou da Quinta do Seixo (Douro), que o ocupam actualmente, confessa que gostaria de abrir o seu próprio bar….
LOBO TASTE:
Palácio das Artes, Lgo. de S. Domingos, 16-22, Porto
Seg-Dom 10h-20h