Passamos todo o ano a trabalhar, a sonhar com as férias.
Que alegria: chegam finalmente aqueles 22 dias para descansar e só fazer o que nos apetece.
Só que não.
A felicidade pode rapidamente esvanecer-se quando se vai de viagem com a família nuclear, a alargada ou ainda com amigos.
Quantas mais pessoas estiverem à nossa volta, mais a situação tende a complicar-se.
A tensão começa, muitas vezes, ainda antes da partida, na hora da tomada de decisão – vamos para aqui ou para ali? Com a tua ou a minha família?
“As questões de ritmos divergentes são as mais frequentes. Há quem goste de descansar e opte por destinos mais calmos, há quem prefira fazer coisas, ver monumentos. Uns optam por ir com tudo marcado, outros escolhem a aventura…”, nota Catarina Lucas, psicóloga e terapeuta familiar.
Não se pense que estas divergências só acontecem quando o casal se conhece há pouco tempo. Existem relações longas em que estas discórdias vêm ao de cima. “Sempre fizemos como tu quiseste”, eis a acusação mais comum. “Por muito que se ame, o casal está sempre a medir forças. E há muitas rivalidades entre famílias.”
Como no dia a dia o tempo é escasso para a família estar realmente junta, é em época de férias que o confronto com a realidade se dá, num contexto de quebra de rotina. Se existirem problemas na relação, esse confronto não vai ser bom. Mas, se um casal estiver em harmonia todos esses eventos serão melhor tolerados.
“Por muito que gostemos da outra pessoa, sejam filhos, pais, marido ou mulher, também precisamos do nosso espaço”, assinala a especialista. É oficial: a taxa de separações aumenta sempre depois do verão.
Independentemente de as férias serem com a família ou com amigos, o mais importante, segundo Catarina Lucas, é deixar espaços à individualidade de cada um. Esta é a melhor forma de respeitar os ritmos divergentes.
Antes de partir, é preciso recorrer à capacidade de negociação para chegar à acordo quanto ao destino e à companhia (a minha família ou a tua?). Se nada disto for possível, se a capacidade de ser empático se perdeu de vez, há que perceber qual é a questão que está na origem. Muito provavelmente, tratam-se de outros problemas além das férias, da minha família ou da tua. E isso é assunto para outras Conversas Saúde, depois das nossas férias.
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