Com a pandemia, têm crescido muitos medos nas pessoas, como o de ficar doente, de contagiar a família ou até de morrer. Se há casos que são naturais, outros são mais sérios e perigosos pois podem conduzir a problemas de ansiedade e depressão. Começando por explicar que toda a gente sente medo e que este medo até nos ajuda a evitar situações de risco, Isabel Trindade lembra que numa situação como a pandemia é natural que tal suceda. E dá uma sugestão. “As pessoas devem pensar: ‘Porque estou assim? Estou com medo do que?'”. Analisar o que está na origem desse medo pode baixar os níveis de ansiedade, considera a psicóloga, por permitir arranjar estratégias para lidar com esse mesmo medo.
Para quem tem receio de ficar doente, o melhor, garante, é adotar corretamente as medidas de lavagem de mãos, uso de máscara, etc, pois são a melhor garantia de evitar a doença. Salientando que é natural sentir alguma ansiedade, a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos avisa, porém, que há casos mais graves. “Quando, por exemplo, já não se sai de casa por causa do medo é preciso procurar ajuda pois pode generalizar-se e causar uma perturbação do sono e até depressão”.
Mas como saber se o medo e a ansiedade que se sente é normal? Isabel Trindade explica: “Quando a pessoa deixa de estar e de ser como era até aí; quando anda sempre mais preocupada, quando deixa de dormir, ou passa a dormir a mais ou a menos; quando se sente mais triste e com menos vontade de fazer as coisas; quanto tudo é um grande peso.”
Isabel Trindade garante que o que leva muitas vezes os jovens a terem algumas atitudes de risco é o facto de, nessa idade, muitas vezes, não se avaliar o perigo de forma real. Quanto às crianças, a psicóloga não tem dúvudas: é precisio falar com elas. Por isso, sugere, quando as crianças vão ter com os pais e dizem ter medo estes não devem responder “Não tenhas medo”, mas perguntar do que tem medo e explicar, adequando a resposta à idade.
Para as pessoas que têm familiares mais velhos, exatamente na idade de maior risco, nomeadamante a partir dos 80 anos, a melhor forma de os ajudar perante um medo imenso de morrer, por exemplo é, garante a psicóloga, ouvi-los. “Deve-se deixá-los falar e não dizer para não pensarem naquilo”, aconselha, explicando que não se deve também desviar o assunto ou pedir para falar de outras cosias. “O melhor é deixar que outro fale dos seus medos e das angústias” que chegaram com esta pandemia.
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