Já é habitual que esta época do ano seja marcada por um maior número de casos de gripe e outras doenças tipicamente associadas ao frio. Contudo, este inverno, é a gripe B que parece estar a tomar a Europa – Portugal incluído – de assalto. O vírus da gripe B – também conhecido como Influenza B, é caracterizado por altos níveis de transmissibilidade.
De acordo com um relatório de atividade gripal, divulgado recentemente pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, foram identificados, entre 16 e 22 de dezembro, 377 novos casos de gripe, dos quais 333 do tipo B, 44 do tipo A e 13 do subtipo A(H1N1) pdm09. Pela Europa o número de casos de infeção por esta estirpe continua também a aumentar, levando à adoção de medidas mais rigorosas na Hungria e ao aumento do número de internamentos em Espanha e França.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a gripe sazonal provoque entre 290 mil e 650 mil mortes anuais em todo o mundo, sendo a estirpe B parte considerável desses casos, especialmente durante o inverno.
Como se distingue a gripe A da gripe B?
Com sintomas e formas de transmissão semelhantes, uma das grandes diferenças entre as estripes está no facto de a gripe B ser exclusivamente transmitida entre humanos, enquanto a estirpe A pode ser passada aos animais.
Deste modo, por estar em constante mutação, a estirpe A é mais difícil de controlar – através da vacinação – e tem um potencial epidémico superior à da B. “A nível funcional, o tipo B causa uma doença que é mais leve e é um vírus mais estável, muda muito menos, logo, o potencial para criar pandemias é muito menor, a hipótese de surpreender com uma transformação do vírus que venha depois afetar o sistema imunitário é muito menor”, explicou Miguel Castanheiro, investigador no Instituto de Medicina Molecular à CNN Portugal.
A que sintomas deve estar atento?
Embora mais leves que na gripe A, os sintomas da estirpe B incluem mal-estar, febre baixa, dores musculares e nas articulações, dores de cabeça e de garganta, tosse e congestão nasal. Já nas crianças podem existir ainda dificuldades respiratórias, diarreia, náuseas ou vómitos e rinite, segundo o SNS. “Quem tem doença crónica, seja ela respiratória, cardíaca ou outra, deve estar sempre mais atento ao arrastar de sintomas, como febre acima dos 39 graus Celsius, tosse que não passa e é forte. São sinais de alguma preocupação se se prolongarem durante mais de cinco, sete dias”, sublinhou Tato Borges.
Como se transmite?
Seja do tipo A ou B, o vírus da gripe é transmitido por via respiratória através do contacto próximo com pessoas infetadas ao, por exemplo, tossir, espirrar ou até mesmo falar perto da pessoa. A transmissão pode ainda ser feita através do contacto direto com as mãos, por exemplo, ou com superfícies contaminadas.
Segundo a DGS, é aconselhada a utilização de máscara a todas as pessoas com sintomas de infeção respiratória, de forma a diminuir a transmissão do vírus.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da gripe passa, geralmente, pelo alívio dos sintomas – como a febre ou dores, por exemplo – através da medicação apropriada. A maioria das pessoas recupera após cerca de uma semana. É recomendada também a utilização de soro fisiológico para aliviar a congestão nasal.
Será importante garantir ainda um menor contacto com outras pessoas, de forma a diminuir o contágio – o pico de transmissão ocorre entre 24h a 48h depois do início dos sintomas.
A Linha SNS 24 possui um novo sistema de triagem digital para pessoas com sintomas respiratórios agudos.