O ato de adiar – ou programar – o despertador de manhã para poder ficar “só mais um bocadinho” na cama tem sido alvo de várias pesquisas científicas ao longo dos anos. Segundo especialistas do sono, esta prática, apesar de possuir alguns benefícios, apresenta também vários efeitos negativos para a saúde e bem-estar. “É satisfatório no momento em que se carrega e se atrasa a saída da cama no início do dia, mas na verdade fragmenta e prejudica a qualidade do sono”, explicou Brandon Peters, neurologista da clínica Virginia Mason Franciscan Health, em entrevista à CNN.
Segundo diversas investigações científicas, o chamado botão “snooze” – como ficou popularizado na língua inglesa – é uma forma de disrupção do sono, uma vez que permite que a pessoa volte a “cair” num novo ciclo de sono, levando depois a um segundo despertar com a sensação de não ter tido descanso suficiente. Ademais, reiniciar o sono após cada alarme possui também efeitos nocivos para a área do cérebro responsável pela memória e o pensamento criativo uma vez que este decorre, geralmente, nas últimas horas de sono antes de se acordar, durante a fase do ciclo conhecida como REM – sono com movimento rápido dos olhos – responsável por essas funções cerebrais.
Porque é que tem tanta dificuldade em levantar-se de manhã?
Segundo vários estudos, a necessidade de colocar vários alarmes pode surgir com o desenvolvimento de certos distúrbios do sono, que podem estar a fazer com que uma pessoa tenha dificuldade em acordar de manhã com apenas um alarme. Contudo, uma das grandes explicações por detrás do fenómeno “snooze” poderá estar na privação de sono e padrões de sono irregulares. Geralmente, um humano adulto necessita de dormir entre sete e nove horas por noite – sendo que este número de horas pode variar de pessoa para pessoa – que, se não cumpridas, podem resultar em dificuldades acrescidas ao despertar e anormal funcionamento do organismo de manhã.
De forma a evitar uma “inércia do sono” prolongada – também conhecida por embriaguez do sono – que refere à sensação de desorientação, sonolência e raciocínio lento que se sente de manhã, deve procurar conhecer-se as necessidades do organismo relativamente ao tempo de repouso que precisa. “Número um: está realmente a dormir o que precisa? Não a quantidade de sono que acha que deve ter ou que quer ter, mas a quantidade de sono de que realmente precisa. E será que o está a fazer todas as noites?”, questiona Goldstein, professor de neurologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan, também à CNN.
Por outro lado, a predisposição de cada um em ser uma pessoa mais diária ou noturna, também pode influenciar o facto de precisar de “só” mais uns minutos de sono. Por esse motivo, definir horários de sono diários podem auxiliar a controlar as horas de sono bem como garantir que dorme as horas que o organismo necessita para funcionar normalmente. De acordo com Goldstein, “Se for alguém que dorme muito bem das 3 da manhã ao meio-dia, e é assim que dorme aos fins-de-semana, mas na segunda-feira de manhã tem de acordar às 6 da manhã para se deslocar”, essa rotina poderá provar-se difícil.