Investigações feitas anteriormente concluíram que pessoas com mais sentimentos de propósito de vida têm menos probabilidade de desenvolver Alzheimer e outros tipos de demências.
Agora, um novo estudo realizado por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado da Flórida, em Tallahassee, EUA, concluiu que o propósito de vida diminui antes mas também depois de um diagnóstico de demência ou relacionado com declínio cognitivo.
Em declarações à Sky News, Angelina Sutin, principal autora do estudo, explicou que ela e a sua equipa pretendiam entender “a relação entre propósito e comprometimento cognitivo”, mas numa direção diferente da que foi analisada na maioria dos estudos anteriores, ou seja, perceber se este “comprometimento tem impacto no sentimento de propósito” de vida.
Para perceber esta possível ligação, a equipa analisou dados utilizados em dois diferentes estudos, de mais de 30 mil pessoas, um que decorreu entre 2006 e 2021 e outro que aconteceu de 2011 a 2021.
A importância do propósito
Ao longo dos vários anos, os voluntários foram avaliados relativamente ao seu comprometimento cognitivo e sentimentos de propósito de vida e a equipa deu conta de que, embora tenha havido alguns sinais de diminuição das sensações relacionadas com o propósito de vida nos anos que antecederam o declínio cognitivo, a diminuição foi mais rápida depois de identificado.
O estudo também concluiu que a perda de sentimentos ligados ao propósito de vida variou entre voluntários, com alguns deles a perderem mais rapidamente estes sentimentos do que outros, sem identificar, contudo, que grupos de pessoas podem correr maior risco.
De acordo com Sutin, os resultados da investigação, publicada na revista JAMA Network Open, são fiáveis, além de relevantes, uma vez que se basearam em análises realizadas durante mais de uma década, e replicadas nos dois grupos, apesar de o declínio cognitivo ter sido identificado a partir da realização de tarefas cognitivas (e não através do diagnóstico de um profissional).
A investigadora acredita ainda que o estudo é um alerta sobre a importância de sentir que se tem um propósito mais tarde na vida, já que vai criar a sensação de que “a vida está a ser orientada por objetivos e tem direção”. “É uma componente importante do bem-estar”, refere Sutin.
Por outro lado, “o oposto de propósito de vida”, ou seja, a apatia, “é um problema significativo na demência”, acrescenta a investigadora, já que as pessoas “com demência perdem o entusiasmo de se envolverem na vida”. “É extremamente importante que os indivíduos mantenham o seu propósito de vida para prevenir ou pelo menos atrasar esta apatia, que pode reduzir a qualidade de vida”, remata.