Ter pressão alta aos 30 anos pode ser prejudicial para o cérebro, a longo prazo, aos 75 anos, mais ou menos. Esta é a conclusão de um novo estudo, realizado por investigadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos EUA, que analisou e comparou os resultados de ressonâncias magnéticas, realizadas entre 2017 e 2022, de mais de 400 adultos mais velhos que, entre os 30 e 40 anos, tinham pressão alta com os que não tinham valores altos para a pressão arterial.
“A pressão alta é um fator de risco incrivelmente comum e tratável associado à demência. Este estudo indica que a hipertensão verificada no início da idade adulta é relevante para a saúde do cérebro décadas depois”, afirma, citada pelo site da Universidade, Kristen M. George, professora do Departamento de Ciências de Saúde Pública, e autora principal do estudo.
Os investigadores obtiveram duas leituras de pressão arterial dos participantes durante esse intervalo de idades, o que permitiu determinar se eram hipertensos, em transição para hipertensos ou se tinham valores de pressão arterial normal no início da idade adulta.
A partir da análise efetuada, a equipa detetou diferenças entre os volumes cerebrais dos voluntários com valores altos e baixos de pressão: no primeiro grupo, verificou que os volumes cerebrais eram mais baixos e que havia caraterísticas relacionadas com demência.
“O tratamento para a demência é extremamente limitado, por isso identificar riscos modificáveis e fatores de proteção ao longo da vida é fundamental para reduzir o peso destas doenças”, diz George.
Os investigadores notaram que as mudanças cerebrais negativas em algumas regiões, tais como a diminuição do volume da massa cinzenta e do volume do córtex frontal, foram mais notórias nos homens do que nas mulheres e esclarecem que isto pode ter a ver com a capacidade protetora do estrogénio nas mulheres antes da menopausa.
A equipa do estudo, publicado esta semana no JAMA Network Open, afirma que, devido ao tamanho da amostra, não foi possível ter em conta as diferenças raciais e étnicas e, por isso, pediu que se fizesse uma interpretação cautelosa dos resultados relativos às diferenças entre sexos.
Ainda assim, os investigadores acreditam que o tratamento precoce para a hipertensão pode ajudar a reduzir o impacto negativo no cérebro décadas depois e dizem que pretendem continuar com a investigação. “Estamos entusiasmados por poder continuar a acompanhar estes participantes e descobrir mais sobre o que alguém pode fazer no início da vida para se preparar para um envelhecimento saudável do cérebro no final da vida”, diz Rachel Whitmer, outra autora da investigação.