As pacientes com o tipo mais comum de cancro da mama, o do recetor de estrogénio positivo, têm um risco contínuo de recorrência de tumores malignos incuráveis ao longo do tempo. Algumas células cancerígenas propagam-se aos ossos ou pulmões, mas não crescerão para formar um tumor imediatamente, permanecem antes num estado inativo. Em alguns casos, estas células “adormecidas” despertam mais tarde, começam a crescer e formam tumores secundários.
A investigação publicada na revista científica Nature Cancer revelou como as células do primeiro cancro da mama se metastizam pelo corpo, sobretudo nos pulmões. A proteína PDGF-C, presente no pulmão, desempenha um papel fundamental ao influenciar as células inativas do cancro da mama a “adormecer” ou “acordar”. Se a proteína aumentar, o que é mais provável acontecer com o envelhecimento ou lesões, as células cancerígenas podem “acordar” e provocar novos cancros, ou fazer reincidir o cancro da mama.
Assim, os investigadores testaram se o bloqueio da atividade da PDGF-C poderia ajudar a “adormecer” estas células. Com recurso ao Imatinib, um medicamento indicado para, entre outos diagnósticos, a leucemia mielóide crónica, registou-se uma redução significativa do cancro nos pulmões.
Estas descobertas abrem caminho a uma melhor compreensão do cancro da mama avançado e como se formam as metástases. Os próximos passos serão de modo a identificar quando é que as mudanças relacionadas com a idade acontecem e como variam entre indivíduos, de forma a evitar o “despertar” de novos cancros.
Embora esta investigação tenha tido resultados promissores, não é ainda possível prever uma aplicação desta terapêutica em humanos, já que este foi apenas um estudo pré-clínico.
Dependendo do estadiamento e das características do cancro quando diagnosticado, o tratamento pode, atualmente, envolver quimioterapia, terapia hormonal, cirurgia e/ou radiação.
Segundo um relatório publicado pelo Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa em 2022, em Portugal são diagnosticados cerca de 6 mil novos casos e 1 500 mortes por cancro da mama por ano. 91% das mulheres com cancro da mama procederam a uma cirurgia, com 48% destas a serem submetidas a uma mastectomia total.