Um novo estudo, realizado por investigadores da Universidade McMaster, em Hamilton, Canadá, concluiu que o consumo a longo prazo do corante alimentar sintético Allura Red (E129), encontrado em doces, refrigerantes, laticínios e alguns cereais pode desencadear doenças inflamatórias intestinais (DII), doença de Crohn e colite ulcerosa.
O consumo deste corante já tinha sido anteriormente associado a algumas alergias, distúrbios imunológicos e problemas comportamentais em crianças, como défice de atenção e hiperatividade.
Os investigadores utilizaram modelos experimentais da doença inflamatória intestinal em animais e descobriram que a exposição contínua ao Allura Red AC, utilizado para adicionar cor e textura aos alimentos, prejudica gravemente a saúde intestinal, promovendo inflamações. Como?
Segundo esta nova investigação, publicada na revista científica Nature Communications, o corante interrompe diretamente a função da barreira intestinal e aumenta a produção de serotonina, hormona encontrada no intestino – grande parte da produção de serotonina ocorre a nível intestinal -, que vai alterar a composição da microbiota intestinal, o que leva ao aumento da suscetibilidade à colite.
“Este estudo demonstra efeitos nocivos significativos do Allura Red na saúde intestinal e identifica a serotonina intestinal como um fator crítico mediador desses efeitos”, explica Waliul Khan, autor sénior do estudo, acrescentando que “as descobertas têm implicações importantes na prevenção e controlo da inflamação intestinal”.
Ao longo dos últimos anos, apesar de ter havido um progresso científico grande na identificação de genes de suscetibilidade e no papel do sistema imunológico e da microbiota do intestinal no desenvolvimento das doenças inflamatórias intestinais, têm falhado as investigações de identificação de fatores de risco ambientais, como a dieta ocidental típica, que inclui poucas fibras, gorduras processadas, carnes vermelhas e processadas e açúcar. Segundo Khan, esta dieta ocidental engloba grandes quantidades de corantes e aditivos.
Este novo estudo sugere uma ligação entre o corante alimentar muito utilizado e o desenvolvimento de DII, e Khan explica que pretende continuar a explorar esta relação. “O que descobrimos é impressionante e alarmante, porque esse corante alimentar sintético comum é um possível gatilho alimentar para as DII. Esta pesquisa é um avanço significativo para alertar o público sobre os danos potenciais dos corantes alimentares que consumimos diariamente”, afirma ainda o investigador.