A cafeína tem sido, ao longo dos anos, associada a benefícios ligados ao exercício físico, já que ajuda a diminuir a fadiga e a sua ação antioxidante age como estimulante, aumentando o metabolismo e ajudando a queimar calorias.
Além disso, aumenta a performance durante a atividade física – existem estudos que o demonstraram – atuando como estimulante do sistema nervoso, aumentando a tensão dos músculos e ajudando na mobilização de substratos de energia para o trabalho muscular.
Também a World Athletics, antiga Associação Internacional de Federações de Atletismo, órgão que gere o atletismo a nível mundial, reconheceu a cafeína como um auxílio ergogénico, ou seja, que melhora a recuperação ou o desempenho físicos, numa declaração sobre a estratégia nutricional para atletas.
Uma nova investigação, realizada por uma equipa de cientistas da Universidade Ritsumeikan, em Quioto, Japão, vem agora confirmar o que já tem sido publicado, ao concluir que a suplementação de cafeína pode ajudar os atletas a reduzirem o tempo feito na prova de corrida de 100 metros.
Para a realização do estudo, publicado recentemente na revista Medicine & Science in Sports & Exercise, os investigadores recrutaram 13 atletas universitários do sexo masculino e, inicialmente, registaram o tempo que cada atleta demorava a atingir o pico de concentração de cafeína no plasma sanguíneo após a sua ingestão. Depois disso, os jovens foram chamados mais duas vezes para realizarem provas de 100 metros de corrida, após ingerirem suplementos de cafeína ou um placebo.
Para estudarem a performance dos atletas individualmente, a equipa mediu a velocidade e tempo da corrida, descontando os efeitos ambientais. Foi a partir dessa medição, com o tempo de corrida já corrigido, que os investigadores analisaram os efeitos da suplementação de cafeína.
Os resultados foram claros: revelaram que o tempo de corrida de 100 m (já corrigido) foi reduzido significativamente para os atletas que consumiram cafeína, com uma diminuição de cerca de 0,14 segundos em comparação com os jovens do grupo de controlo.
Além disso, a equipa deu conta de que a velocidade média da corrida para os intervalos de 0 a 10 m e 10 a 20 m foi significativamente maior nos atletas que receberam cafeína. Em relação aos últimos 40 metros de corrida, os investigadores não observaram diferenças significativas no tempo de corrida, apesar do encurtamento do tempo de corrida nos primeiros 60 metros.
A partir destas análises, a equipa chegou à conclusão de que a suplementação com cafeína proporcionou uma aceleração mais explosiva aos atletas na fase inicial da corrida. Os investigadores acreditam que, a longo prazo, estes resultados podem traduzir-se numa melhoria da performance dos atletas, aumentando o uso da cafeína como auxílio ergogénico durante os sprints. Agora, a equipa pretende continuar a estudar os efeitos da cafeína em ações como saltar.
De acordo com os investigadores, há uma grande ausência de estudos relativamente aos efeitos da cafeína no desempenho da corrida de 100 metros e, por isso, as recomendações baseiam-se em evidências de outros desportos anaeróbios. Por isso, a equipa decidiu estudar os efeitos da suplementação de cafeína na performance da corrida de velocidade.
O autor principal do estudo, o professor Takeshi Hashimoto, afirma que, “embora estudos anteriores tenham investigado os efeitos da cafeína na atividade de corrida, as evidências desses estudos não são suficientemente conclusivas para apoiar as recomendações da World Athletics”. Hashimoto refere ainda que a maioria destes estudos analisou os seus efeitos em corridas de velocidade de menos de 60 metros.