Uma equipa de investigadores acredita ter descoberto como é que os pandas – que têm, em média, já adultos, entre 70 e 120 quilogramas – conseguem ganhar peso mesmo seguindo uma dieta apenas com bambu, que tem um baixo teor de gordura, partilhando as conclusões esta semana, na revista científica Cell Reports.
De acordo com a equipa do Instituto de Zoologia da Academia Chinesa das Ciências, que analisou pandas selvagens nas montanhas Qinling, na China central, isto deve-se ao facto de os níveis de um tipo de bactérias intestinais destes animais alterarem na estação em que os brotos de bambu mais nutritivos ficam disponíveis para os pandas se alimentarem, no final da primavera e início do verão.
A bactéria intestinal tem o nome de clostridium butyricum e o que os cientistas perceberam foi que os seus níveis são significativamente mais altos durante a época do consumo de brotos. Assim, nas épocas em que os animais não têm mais do que apenas as folhas da planta à disposição, conseguem armazenar a gordura suficiente para continuarem a aumentar o seu peso.
“Sabemos há muito tempo que os pandas têm um conjunto diferente de microbioma intestinal durante a estação de alimentação de brotos, e é muito óbvio que eles são mais gordinhos nessa época do ano”, explica Guangping Huang, um dos autores do estudo, citado pela Sky News.
Para conseguirem testar o efeito dessa mudança de níveis bacterianos no metabolismo dos animais, a equipa realizou transplantes de fezes de panda retiradas da natureza para o intestino de ratos-domésticos, tanto na estação da alimentação com brotos como na estação da alimentação com folhas.
Durante três semanas, estes animais foram alimentados à base de bambu e os investigadores analisaram-nos, percebendo que, passado esse tempo, os ratos-domésticos transplantados com fezes de panda recolhidas durante a estação de alimentação de brotos ganharam muito mais peso e tinham mais gordura relativamente aos animais transplantados com fezes durante a estação de alimentação de folhas, mesmo consumindo a mesma quantidade de comida.
“Os ratos provaram ser um modelo eficaz para estudar a função do microbioma intestinal em humanos”, refere Wei Fuwen, um dos autores do estudo, num e-mail enviado à CNN.
O panda, também conhecido como panda gigante, consome, em média, entre 9 e 14 quilogramas de bambu por dia, podendo alimentar-se de 25 espécies diferentes desta planta. Contudo, como absorve tipicamente poucos nutrientes, este animal passa a maior parte do dia a alimentar-se, mas também exercita um pouco.