Segundo um estudo publicado esta semana na revista científica Science Advances, as crianças com acesso a espaços verdes melhoram a sua imunidade. Os investigadores estudaram 75 crianças em idade pré-escolar em duas cidades da Finlândia (Lahti and Tampere), transformando os locais onde passavam a maior parte dos seus dias em locais mais naturais, com vegetação; passado um mês, as diferenças eram notáveis.
Os cientistas acreditam que isto se deve ao facto de as crianças serem capazes de desenvolver, nestes ambientes, mais micróbios na pele do que crianças que têm menos contacto com a natureza.
O estudo, apesar de ter contado com um número relativamente reduzido de participantes, pode dar algumas pistas sobre a evolução de casos de automines. Estas doenças crónicas (em que o sistema imunológico passar a produzir anticorpos contra o próprio organismo) crescem atualmente no mundo. Entre elas, estão artrite reumatoide, lúpus, asma, eczema, diabetes tipo 1, doença inflamatória intestinal e esclerose múltipla.
Uma das possibilidades para o aumento destas doenças pode, então, ser o facto de as crianças hoje em dia serem cada vez menos expostas a micróbios que existem no exterior; por essa razão, os seus organismos não estão preparados para resistir a certas ameaças, sugere o estudo.
Investigações anteriores mostraram relações entre a exposição a micróbios e o desenvolvimento de um sistema imunitário mais resistente. No entanto, este é o primeiro estudo a alterar deliberadamente o ambiente de crianças. Os cientistas pensam ser possível melhorar o sistema imunitário de crianças em ambientes urbanos com pequenas mudanças nos seus ambientes diários.
Em quatro dos dez infantários, foram instalados relvados naturais adornados com arbustos anões, mirtilos e musgo, além de plantas. As crianças passaram uma média de 90 minutos por dia nestes espaços naturais e eram encorajadas a brincar com as plantas e com o solo. O custo de cada jardim rondou os 5 mil euros.
Passados 28 dias, foram feitos testes de imunidade à pele das crianças – e a diversidade de micróbios presentes era um terço superior ao das crianças de outros infantários cujas escolas não tinham sido adaptadas. As análises de sangue também se mostraram mais ricas em proteínas e células necessárias para reforçar o sistema imunitário.
Durante a investigação, foram dadas as mesmas refeições a todas as crianças enquanto elas estavam nos infantários, para que a alimentação não tivesse influência nos resultados.