O estudo, publicado esta quarta feira, 23, e liderado por Giacomo Cacciapaglia da Universidade de Lyon e do Instituto de Física de 2 Infinitos (Institut de Physique des 2 Infnis), baseia-se num modelo matemático que tem como objetivo prever o comportamento de uma segunda vaga de infeções por Covid-19, na Europa.
Tendo em conta vários cenários e variáveis, os investigadores previram cinco datas para o pico da segunda vaga de Covid-19 no nosso país. Se três delas já passaram, as restantes correspondem à 39ª semana do ano, na qual nos encontramos, mais precisamente entre 21 e 27 de setembro, e à 44ª semana, entre 5 e 11 de outubro.
A partir de um modelo matemático, a análise estatística e respetivas previsões foram construídas usando dados relativos a taxas de infeção e viagens dentro e entre os países europeus, ou seja, medindo o grau de interação de cada país com os restantes países europeus e a consequente probabilidade de importar ou exportar casos de Covid-19. Foram ainda tidos em conta os picos de infeção registados, em cada país, no decorrer da primeira vaga da pandemia.
Sem mais dados relativos a Portugal, será importante ter também em conta a modelação mais respeitada atualmente, da Universidade de Seattle. Segundo os dados apresentados, existem três cenários possíveis, os quais correspondem a previsões diferentes. Caso todas as medidas de segurança sejam respeitadas e todos os portugueses usem sempre máscara, o pico de infeções será atingido a 17 de dezembro, com cerca de 17 mil novos casos.
Caso o comportamento se mantenha moderado, como neste momento, nem exemplar nem fora de controlo, o pico será atingido mais cedo, a 1 de dezembro, mas com um número superior de novos casos diários, cerca de 21 mil.
No pior, e menos provável, dos cenários, em que o governo deixa de impor restrições e abandona o controlo do cumprimento das medidas de segurança, as projeções sobem exponencialmente, podendo chegar a quase 90 mil casos no início do ano. “É altamente improvavel que ocorra este cenário, o governo teria de desvincular-se completamente do controlo da pandemia”, refere o especialista em Saúde Pública e professor na Universidade Católica Portuguesa, Henrique Lopes.
A Universidade de Seattle havia já previsto a chegada da segunda vaga de infeções ao nosso país entre final de agosto e início de setembro. Algo que também Giacomo Cacciapaglia, autor do estudo publicado na Scientific Reports, confirmou ao jornal Público, ao afirmar, “olhei para os dados actuais (do worldometer.info), e parece que a segunda vaga em Portugal já começou no início de setembro. Pode chegar ao pico em breve” .