A taxa de letalidade da doença resulta da proporção de mortes em relação ao número de casos confirmados, já a taxa de mortalidade está associada ao número de óbitos em relação a todos os casos de pessoas infetadas (estejam ou não diagnosticadas), o que atribui especial relevância aos assintomáticos.
Tanto a taxa de letalidade como a taxa de mortalidade da Covid-19 têm vindo a diminuir nas últimas semanas. A média da taxa de letalidade ao nível global situa-se nos 5,4%, em Portugal é de cerca de 3,5%. Já a mortalidade da doença estará entre os 0,5% e 1% do total de pessoas expostas ao vírus, estimam os especialistas.
Uma investigação publicada pela organização Center For Global Development calculava a taxa de mortalidade nacional em 1%, o que seria sinónimo de 300 mil infetados (2,8% da população).
Afinal, o que poderá explicar a descida do número de mortes provocadas pela Covid-19?
O prolongamento da doença
A Covid-19 causa quadros prolongados de doença, que podem estender-se ao longo de mais de um mês, o que pode provocar um grande desfasamento entre o aumento das infeções e a subida do número de mortes.
Os EUA, por exemplo, tiveram um ressurgimento do número de casos a meio de junho, chegaram a registar cerca de 30 mil infeções diárias, o que leva as autoridades norte-americanas a antecipar o aumento do número de mortes ao longo deste mês.
O alargamento dos testes
Sendo Portugal um dos países da União Europeia que mais testes faz por cada mil habitantes, é natural que detete mais doentes assintomáticos ou clinicamente estáveis, o que também contribui para diminuir a mortalidade da doença.
Ao mesmo tempo, a testagem permite detetar a doença prematuramente e identificar os contactos das pessoas infetadas, quebrando a transmissão.
A idade dos doentes
A maior parte das pessoas contaminadas com a Covid-19 ao longo do mês de junho, em Portugal, tinham entre 20 a 29 anos (19,1%) e entre 30 a 39 anos (18,7%). Os grupos de risco estarão a ser mais cautelosos e são os mais jovens, com menos doenças associadas, os mais expostos ao vírus, o que se reflete num prognóstico de recuperação mais favorável.
No Estado da Flórida, nos EUA, a média de idade dos infetados era de 65 anos em março e, agora, está abaixo dos 40 anos, estando o maior número de infetados, no último mês, na faixa etária entre os 25 e os 34 anos.
Os dados partilhados pela China, Coreia do Sul, Espanha e Itália sugerem que a mortalidade é cem vezes mais elevada entre os maiores de 70 anos do que entre os menores de 40.
O conhecimento dos médicos
No início da pandemia, sabia-se ainda menos sobre a doença. Entretanto, já foram publicadas milhares de investigações sobre o tema e já se conhecem melhor os mecanismos da Covid-19.
Ao conhecimento e à experiência dos profissionais de saúde juntam-se outras armas de combate, como o antiviral Remdesivir, o primeiro medicamento autorizado pela UE para o tratamento da infeção.
A diminuição do número absoluto de doentes
Atualmente, existem mais de 13 mil casos ativos da doença em Portugal. Em meados de abril, chegaram a estar internadas mais de mil pessoas, cerca de duzentas em cuidados intensivos. Na quarta-feira, dia 15, estavam internadas 476 pessoas em enfermarias e 72 em cuidados intensivos.
Havendo menos doentes com quadros graves ou críticos, também é natural que o número de óbitos diminua.
A ajuda do verão
Não existem provas científicas de que o calor tenha algum impacto na diminuição da transmissão do vírus mas, ainda assim, o verão poderá estar a contribuir para a diminuição da contaminação e, por conseguinte, da mortalidade, por as pessoas passarem mais tempo ao ar livre – um estudo indica que a probabilidade de contágio é 19 vezes superior num espaço fechado.
A adoção do distanciamento social e da utilização da máscara também serão contributos fundamentais.