A equipa de cientistas do Programa de Saúde Global do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos, descobriu seis novas estirpes de coronavírus em três de 11 espécies de morcegos analisadas. O estudo, publicado a este mês na revista científica “Plos One”, resultou de um projeto de investigação em Myanmar, entre maio de 2016 e agosto de 2018, financiado pelo governo-norte americano.
Ao todo, foram testadas mais de 750 amostras de saliva e fezes de 11 espécies de morcegos. No entanto, apenas três – o morcego-amarelo da Grande Ásia, o morcego de cauda livre e o morcego de nariz em folha de Horsfield – continham as seis novas estirpes de coronavírus.
Apesar de todas pertencerem à mesma família do vírus SARS-CoV-2, os autores do estudo confirmam que nenhuma destas estirpes está geneticamente relacionada com os coronavírus que provocaram os últimos grandes surtos: SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), MERS (Síndrome Respiratória do Médio Oriente) e a atual pandemia de Covid-19.
“Em todo o mundo, os seres humanos estão a interagir com a vida selvagem com uma frequência cada vez maior. Portanto, quanto mais entendermos sobre estes vírus em animais – o que lhes permite sofrer mutações e como eles se espalham para outras espécies -, melhor podemos reduzir o seu potencial pandémico”, afirmou Marc Vilitutto, principal autor do estudo, acrescentando que o principal objetivo é nesta altura “ajudar a compreender a diversidade de coronavírus em morcegos e fomentar esforços globais para detetar, prevenir e responder a doenças infecciosas que podem ameaçar a saúde pública”.
Agora é necessário prosseguir com as investigações para perceber qual o potencial destas estirpes de vírus recém-descobertas migrarem para outras espécies e a possibilidade de virem a representar riscos para a saúde humana.
“Muitos tipos de coronavírus podem não representar um risco para as pessoas, mas quando identificamos essas doenças desde cedo nos animais, na fonte, temos uma oportunidade valiosa para investigar a potencial ameaça”, explica Suzan Murray, diretora do Programa de Saúde Global de Smithsonian e co-autora do estudo, rematando: “A vigilância, a pesquisa e a educação são as melhores ferramentas que temos para evitar pandemias antes que elas ocorram.”