Pode o teste ao coronavírus ser inconclusivo, ainda mais por duas vezes, como aconteceu ao treinador Jorge Jesus? “Não há essa possibilidade nos testes que fazemos”, diz Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.
É que, apesar de haver vários fabricantes, a técnica para aferir os resultados é igual em todo o mundo e segue as recomendações da Organização Mundial de Saúde.
Então porque é que Jorge Jesus diz que teve dois resultados inconclusivos? Germano de Sousa, antigo Bastonário da Ordem dos Médicos e especialista em patologia clínica explica: “Como teve contacto com uma pessoa infetada o Jorge Jesus devia ter ficado, em primeiro lugar, em isolamento, e aguardar alguns dias até fazer o este. Se ele não tem sintomas [tosse, febre ou falta de ar] ainda é cedo para fazer o teste.”
Ou seja, uma pessoa que esteve perto de outra já contagiada pode ter “alguma quantidade de vírus”, mas que está abaixo dos níveis para ser positivo. Só passado uns dias, ou se entretanto tiver sintomas, é que se “deve fazer o teste” porque os “vírus multiplicam-se”. “Mas pronto, como é o Jorge Jesus fizeram logo”, refere o especialista.
“Se os testes forem feitos demasiado cedo podemos ter falsos negativos, depois as pessoas vão à sua vida e, sem saber, infetar outras”, alerta.
Também pode acontecer o caso de a amostra (da garganta ou nariz) ter sido mal feita ou ter sido contaminada, mas, nesse caso, tem de se repetir a zaragatoa.
O caso de Jorge Jesus acabou num terceiro teste que deu negativo.